Academia 16.07.2024 11H40
Ranking das escolas divide opiniões a começar pela mistura de público e privado
O ranking das escolas de 2024 foi divulgado na passada quarta-feira. Em Braga, a melhor colocação é atribuída ao Colégio D. Diogo de Sousa.
O ranking das escolas divide cada vez mais encarregados de educação, docentes e diretores de escola e com a divulgação dos mais recentes dados, na sexta-feira, o tema voltou a gerar discussão. Quase sempre são os colégios privados a apresentar melhores notas, destacando-se das escolas públicas.
João Lopes, investigador e docente da Escola de Psicologia da Universidade do Minho considera que "não faz qualquer sentido comparar escolas públicas com escolas privadas, dadas as diferenças enormes de condições". No entanto, sublinha, em declarações à RTP, que "para qualquer escola, a informação que deriva dos exames e de todo o tipo de avaliações intermédias é sempre muito importante para que se possa melhorar". Dá o exemplo do índice de superação no setor público, elemento "bastante interessante", na ótica do especialista, já que "significa que há escolas que apesar de terem condições relativamente desfavoráveis conseguem avançar".
Ora, em Braga, o CLIB, apesar de ser privado não entra no ranking porque os alunos não são submetidos a exames nacionais. Em declarações à RUM, a diretora, Helena Pina Vaz, sai em defesa da escola pública e critica os rankings por considerar que não há margem de comparação entre os dois tipos de ensino. "Sabemos que no público há muitas pessoas que trabalham muito bem, simplesmente as crianças não têm os mesmos acessos nem ao acompanhamento dos pais em casa, nem ao mesmo nível cultural nem às explicações que os alunos do privado conseguem ter. Só aí, o nosso país devia ter vergonha de estar a fazer este tipo de comporação e a diminuir algumas pessoas que fazem um esforço enorme", começa por referir.
Diretora de um colégio privado, Helena Pina Vaz critica ainda as escolas privadas que separam os alunos com melhores notas dos alunos menos bons e considera que estes rankings não devem ser tornados públicos, criticando o governo central por permitir o acesso a dados dos estudantes. "Quem dispõe destes dados é o governo. Isto não é perguntado às escolas. É muito fácil ver onde está o problema. A lei de bases do sistema educativo proíbe há muitos anos. Todos têm o direito de ter as melhores condições", critica.
Neste colégio privado de Braga com perto de quatrocentos alunos não há exames nacionais, mas sim internacionais. A diretora considera também que há muitas questões que envolvem a formação e o crescimento de jovens cidadãos que devem fazer parte do sistema educativo para lá de exames e métodos de avaliação semelhantes. "Não estamos na lista nem nunca estaremos porque fazemos os exames internacionais que não são contabilizados por esta métrica que compara escolas públicas ou privadas. Os nossos alunos, conforme o seu desempenho, vão ter melhores ou piores notas", remata.
De acordo com o ranking divulgado na semana passada, o Colégio D. Diogo de Sousa continua a ser a escola do distrito de Braga com melhores resultados nos exames nacionais. A média neste colégio privado foi de 15,63 valores, que lhe vale a 5.ª posição na tabela das 500 escolas com melhores médias. Segue-se, no distrito, o Colégio do Ave, em Guimarães, na 20.ª posição, e o Colégio João Paulo II, em Braga, no 24.º lugar.
A primeira escola pública aparece na posição 37. É a Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, na cidade dos arcebispos, com a média de 13,81 valores.