Um amigo dos estudantes: Carlos Videira evoca a relação de Álvaro Laborinho Lúcio com a AAUMinho

Carlos Videira cumpriu três mandatos como presidente da Associação Académica da Universidade do Minho entre 2013 e 2016. Na reação à morte de Álvaro Laborinho Lúcio, sublinha a ligação próxima do antigo presidente do Conselho Geral (2013–2017) aos estudantes e o legado que deixou na academia.
“Foi um grande amigo dos estudantes. Valorizou muito o nosso estatuto no Conselho Geral e na própria Universidade, dando peso às nossas intervenções e envolvendo-nos nos processos de decisão”, disse à RUM.
Sobre um período decisivo para a instituição, a passagem a fundação e a revisão de estatutos, Videira salientou a forma como Laborinho Lúcio puxou pela participação estudantil: “Fez-nos sentir parte das decisões num momento crucial da vida da Universidade”, explicou.
Os encontros de presidentes dos Conselhos Gerais, iniciativa lançada por Laborinho Lúcio, são um dos exemplos que guarda. “No encontro de Évora, foi o único presidente que se fez acompanhar por um estudante. E a intervenção de fundo da Universidade do Minho entregou-a a um estudante, a mim, porque era sobre a Universidade e o futuro e ele dizia que os estudantes são os protagonistas”, recordou.
O humor refinado e a capacidade de desanuviar tensões ficaram como marca: “Em momentos de grande tensão entre conselheiros, o sentido de humor e a boa disposição dele desfaziam os impasses.” Há uma frase que, garante, passou de geração em geração: “Uma Associação Académica deve ser como um beijinho com bigode: tem que fazer cócegas, tem que incomodar.”
O relacionamento prolongou-se para lá dos cargos: “Depois do mandato, continuou presente: conferências, momentos institucionais, regressos ao Minho e apresentações de livros.” Também aqui sobressaía a ironia inteligente: “Dizia que era um escritor com um grande futuro atrás dele. Quando lhe perguntei porque tinha começado a escrever aos 70 anos, respondeu: porque é que havia de esperar pelos 80?”
No balanço, fica a perda para a comunidade académica e para o país: “A Universidade do Minho fica mais pobre com esta perda. Deixa um legado imenso e uma recordação muito boa, não só pelo que fez enquanto presidente do Conselho Geral, mas pela pessoa que era, com um humor muito inteligente”, vincou Carlos Videira.
