Reconversão da Feira do Livro de Braga em destaque no Praça do Município

A reconversão da Feira do Livro num Festival Literário foi o tema central desta semana do programa de debate político da RUM, Praça do Município.
António Lima, João Granja e Jorge Cruz, os comentadores desta edição, têm opiniões distintas sobre o anúncio do presidente do Município de Braga, Ricardo Rio, que pretende colocar um ponto final no formato que leva já 31 edições para dar lugar a um Festival itinerante. O mês dedicado ao livro também passará a ser outro, ou seja, o evento passaria a ter lugar em novembro e não em julho como tem sido habitual.
Para António Lima esta iniciativa da maioria de direita é um “disparate”, pois na ótica do comentador a Feira do Livro tem de continuar a ser “um espaço de liberdade em que o livro vem à rua ter com as pessoas”. O comentador não poupa nas palavras e acusa mesmo o autarca bracarense de ter “horror a feiras”, visto que acaba por deslocalizar os vários certames para outros espaços da cidade, dando os exemplos no 1º de Maio e do Estádio Municipal.
Mais contido nas palavras, João Granja prefere não fazer “futurologia” em relação a esta matéria, considerando, contudo, que o formato está “esgotado” e necessita de inovação. “A Feira do Livro terá sempre de ser uma festa com atividades que envolvam as pessoas num local central. Esta é para mim a sua essência”, refere.
O comentador político alerta ainda para a premência deste evento não ocorrer, por exemplo, no mês de setembro, uma vez que as famílias bracarenses estão sobrecarregadas com despesas. Outra das preocupações é o calor, caso contrário terá de ocorrer num “espaço central adequado”. Com muitas questões por responder considera prematuro abordar a temática.
Já Jorge Cruz, considerado o Pai da Feira do Livro, confessa ter ficado “curioso” em relação aos planos para este denominado Festival Literário. “Pode nascer uma ideia interessante”, declara. Para o comentador o atual modelo “não funciona” e dá um exemplo muito prático. “Durante as conferências com escritores, acabam por ter apenas uma hora, o que impossibilita o contacto próximo com as pessoas e a oportunidade de conversarem porque já está outro escritor à espera para se apresentar”, explica. O comentador frisa, porém, a necessidade de manter a componente comercial da iniciativa.
Qual a leitura dos comentadores sobre as declarações da Comissária do Plano Nacional de Leitura 2027 em relação a Braga?
Na última semana, a Comissária do Plano Nacional de Leitura 2027, Regina Duarte, esteve na cidade dos arcebispos, onde defendeu que “Braga poderá ter um papel de mentor de outros planos locais de leitura”.
Ora, para António Lima estes são elogios de circunstância e lança o desafio para que o Plano Local de Leitura chegue a mais cidadãos. O comentador dá o exemplo do Hospital de Braga, que poderia disponibilizar livros para os utentes que aguardam no serviço de urgência e para os doentes internados.
João Granja defende que o executivo municipal deve ser “um criador de condições” para que as entidades e cidadãos possam desenvolver iniciativas, logo uma ideia como a apontada pelo colega de painel deve partir da unidade hospitalar.
O comentador felicita a criação do Laboratório PNL, nova valência do Plano Nacional de Leitura anunciado em Braga, cujas candidaturas abrem este mês. Granja recorda que esta é uma oportunidade para todos e não apenas para as escolas.
Para Jorge Cruz o caminho que tem sido feito pela maioria de direita está a seguir no bom sentido. O comentador dá o exemplo das escolas do concelho que, para além de atraírem escritores e outros profissionais da área para falarem, na primeira pessoa, com os alunos, no caso dos infantários, os próprios pais estão a ser desafiados a participarem e, a título de exemplo, contarem histórias.
