Regional 26.11.2025 16H15
João Rodrigues admite que ambição que apresenta para Braga vai para lá de 2029
“O que eu quero é exportar mais, criar mais postos de trabalho qualificados e licenciar mais habitação que os outros. Títulos e prémios não são coisas que me atraiam muito”, disse João Rodrigues na primeira grande entrevista à RUM.
O presidente da Câmara Municipal de Braga, João Rodrigues garante que a ambição que tem para a cidade vai para lá de 2029 e que por isso pretende cumprir mais que um mandato à frente dos destinos do concelho.
Ainda que por enquanto numa gestão minoritária - que até pode mudar porque continua aberto ao diálogo para o autarca social democrata, - diz que o programa da coligação Juntos por Braga é "sério e exequível" e que sabe o que quer que a cidade seja nos próximos anos. "Com humildade reconheço que obviamente podemos errar, não fazemos tudo bem, agora há uma coisa que eu vou fazer que é dar tudo por tudo para dar o meu melhor e sempre que o fiz consegui atingir objetivos com sucesso e não tenho dúvidas que também o vou conseguir fazer à frente da Câmara Municipal de Braga", assinalou. "Vou cumprir os quatro anos e vou fazer tudo para ter mais períodos de quatro anos para cumprir pela frente", afiança.
Afirma que há muito trabalho a fazer e demonstra ao longo desta entrevista que tem uma visão para a cidade com várias diferenças comparativamente ao seu antecessor. Vai levar a cabo mudanças nalgumas empresas municipais, garante uma postura de diálogo com a oposição e diz que o convite a Catarina Miranda se baseia na confiança e na convicção de que a vereadora tem competências e já provou capacidade para assumir os pelouros da cultura, do património cultural e da educação artística.
Na primeira grande entrevista à RUM depois de assumir a presidência da Câmara Municipal de Braga assinalou que fez uma campanha eleitoral "a reconhecer os problemas que a cidade tem" e reafirmando o compromisso de que vai fazer de tudo para transformar Braga na melhor cidade do país para se viver porque mantém a convicção de que "há condições para atingir esse desígnio". Mas lança também o repto à oposição para que deixe a coligação Juntos por Braga "trabalhar", a começar pela aprovação da delegação de competências que em breve apresentará aos eleitos da oposição tendo em vista a sua submissão posterior a reunião de executivo.
"Quero é exportar mais do que os outros concelhos, não quero exportar menos e dizer que sou a capital do norte"
Sobre a governabilidade em minoria, explica que nas duas reuniões de câmara realizadas, com quase 500 propostas, praticamente "todas foram aprovadas".
"Sei que vamos no início, mas não me queixo da governabilidade", disse, repetindo que por sua vontade ainda não fechou o ciclo de conversações com a possibilidade de atribuição de pelouros a outros eleitos. Também a esse propósito considera que é o Movimento Amar e Servir Braga quem tem que explicar porque não quer discutir mais essa possibilidade.
Abordando pela primeira vez publicamente as conversas que encetou com o primeiro eleito de cada partido e movimento, João Rodrigues criticou a postura de Ricardo Silva dizendo que "a única questão que colocou foi dizer que ou aceitava três [vereadores] a tempo inteiro e remunerados ou que não aceitava nada". Acusou ainda o antigo presidente da junta de S. Victor de não falar de propostas, nem da cidade no decorrer da referida reunião. Sobre as declarações de segunda-feira em que Ricardo Silva revelou à imprensa que já não há margem para mais conversações sobre pelouros, João Rodrigues considerou que a posição de força que este movimento quis mostrar mas duas primeiras reuniões passou apenas por impedir a realização desta obra, referindo-se à requalificação do Pópulo que foi entretanto aprovada com o voto a favor de Catarina Miranda e o voto de qualidade do próprio presidente.
Catarina Miranda assume pelouros numa postura de confiança entre as partes. Não acordos escritos nem paralelos, garante João Rodrigues
Das conversações com os eleitos da oposição [IL, Chega, PS/PAN, e ASB), apenas uma vereadora eleita fora da coligação Juntos por Braga aceitou assumir três pelouros - Catarina Miranda. À RUM, o autarca garante que "não há acordos escritos nem paralelos" e que da primeira para a segunda reunião camarária, a mudança de sentido de voto de abstenção para o voto a favor da vereadora independente com declaração de voto, foi apenas uma atitude "responsável" face a questões que viu clarificadas entre uma e outra reunião.
O social democrata explica que se trata de "uma relação de confiança entre quem delega e em quem recebe as competências delegadas" sendo "natural que a vereadora Catarina Miranda vote na esmagadora maioria das vezes ou na totalidade das vezes com os restantes vereadores com pelouro". Também aqui lembra que as declarações de preparação do executivo servem para isso.
Ainda no que respeita à governabilidade e à proximidade mínima que se exige com os eleitos da oposição, João Rodrigues esclarece que em muitas matérias terá o cuidado de chamar previamente os vereadores da oposição para explicar e discutir dossiers. "É natural que essas reuniões se intensifiquem e aumentem de número", respondeu já depois de lembrar que enquanto vereador do urbanismo já o fazia no passado. O PDM e a proposta de orçamento para 2026 são dois exemplos. João Rodrigues diz que faz questão que todos percebam o documento [Plano Diretor Municipal] e antecipa que o mesmo receba luz verde de todo o executivo, tendo por base que "há princípios elementares que qualquer pessoa concorda".
"Não podemos dizer que queremos aumentar a oferta de habitação e que não concordamos com o aumento da área urbana, não podemos dizer que queremos resolver os problemas de trânsito e que não concordamos com a circular externa ou que queremos uma cidade mais verde e não concordar com o PDM que porventura será o PDM deste país que mais hectares de área verde reserva para parques urbanos", argumentou.
"Sei muito bem o que quero que cada uma das empresas municipais faça ao longo dos próximos anos"
Algumas empresas municipais com novas lideranças e alterações a outros níveis
Por enquanto, João Rodrigues recusa revelar os nomes que pretende na liderança das empresas municipais mas admite que alguns são para manter. Afirma que sabe "muito bem" o que quer em cada empresa municipal, e promete para breve novidades.
"A indicação das pessoas depende de vários fatores: da confiança que se tem nas pessoas, da competência que se reconhece nas pessoas, das capacidades que se reconhecem nas pessoas, mas também, e sobretudo, naquilo que queremos que seja a missão das empresas municipais e de cada uma delas isoladamente. Sei muito bem o que quero que cada uma das empresas municipais faça ao longo dos próximos anos", afiançou.
"Títulos e prémios não são coisas que me atraiam muito"
Questionado sobre a ambição de Pedro Duarte, presidente da Câmara Municipal do Porto, que já disse que quer ser o novo líder do norte de Portugal, João Rodrigues desvaloriza e rejeita competição de títulos. Evidencia que Braga não está muito preocupada com o que os vizinhos pensam".
"Não jogamos contra o centralismo dizendo que somos a capital do que quer que seja. Quero é exportar mais do que os outros concelhos, não quero exportar menos e dizer que sou a capital do norte, quero é criar mais postos de trabalho qualificado, quero é que Braga continue a ser a cidade que mais licencia habitação no país. Títulos e prémios não são coisas que me atraiam muito", atirou.
Nesta grande entrevista à RUM, já disponível em podcast, João Rodrigues reafirma o objetivo de vender o Estádio Municipal de Braga ao SCB e garante que não licenciará um novo estádio na cidade em jeito de resposta a declarações recentes do presidente do clube arsenalista.