Academia 10.08.2023 07H00
Universidades e tutela longe de chegar a acordo sobre futuro dos investigadores precários
Reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, defende que o programa FCT - Tenure não garante sustentabilidade financeira das instituições.
As universidades estão longe de chegar a um acordo sobre o futuro dos milhares de investigadores em situação precária. A informação foi avançada à RUM pelo reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro.
Recorde-se que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), apresentaram, como solução, o FCT – Tenure.
O programa prevê contratos cofinanciados pela FCT durante seis anos, sendo os primeiros três serão comparticipados a dois terços e os últimos três anos comparticipados a um terço.
Ora, o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, vê ainda muitas pedras no caminho até conseguirem chegar a um destino favorável quer aos investigadores quer às instituições de ensino superior.
"Nós temos clara consciência da gravidade da situação laboral e social que estamos a encarar. Temos clara consciência de que se não for encontrada uma solução justa, é o próprio sistema de investigação que pode vir a ser seriamente afetado e, nesta medida, estamos muito comprometidos com a procura de soluções. Mas colocada a questão nos termos que ainda está colocada, vejo como muito difícil a possibilidade de a UMinho poder vir a recorrer a este mecanismo", avança.
O responsável pela academia minhota alerta que as universidades não têm condições financeiras para integrarem na carreira de investigação, de forma permanente, um número tão significativo de investigadores precários, logo a solução deverá ser "variada".
Nas últimas reuniões entre a tutela e o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), segundo Rui Vieira de Castro, tem existido pouca abertura para acolher as sugestões dos responsáveis pelas instituições de ensino superior.
Nos últimos quatro anos, a UMinho passou de 10 investigadores de carreira para 40. O responsável máximo da academia bracarense garante que "quer fazer parte da solução", porém existem limites para o esforço que a instituição pode fazer "sem hipotecar o futuro".
Nos próximos dois anos irão terminar cerca de 1.200 contratos não permanentes no âmbito da chamada “norma transitória”.