Academia 17.10.2025 19H14
"Uma Universidade eticamente madura não é a que possui um código é a que o incorpora no seu dia-a-dia"
Fórum de Ética 2025 debateu “Ética e Profissionalidade na Academia”.
O reitor da Universidade do Minho enalteceu, esta tarde, a importância de se olhar para o código de ética e conduta da instituição como um documento "vivo e estruturante na ação da comunidade académica".
A 10.ª edição do Fórum de Ética, dedicada ao tema “Ética e Profissionalidade na Academia”, decorreu esta sexta-feira, no campus de Gualtar.
Rui Vieira de Castro quer que se "passe das boas intenções ao efetivo funcionamento dos mecanismos disponíveis", embora este seja um dossiê em contínua atualização, considerando que a revisão "deve ser uma rotina institucional". "Uma Universidade eticamente madura não é a que possui um código é a que o incorpora no seu dia-a-dia", frisou.
Reconhecendo a excelência do documento e o “referencial” que o mesmo representa “para todos os membros da academia”, o reitor lembra que o desafio é perceber “como é que este código e os seus princípios são interiorizados naquilo que são as práticas de professores, de investigadores, de trabalhadores técnicos administrativos e de gestão e de estudantes no seu quotidiano, nas várias dimensões da vida da Universidade, seja na educação, investigação e interação com a sociedade”. Rui Vieira de Castro pretende que “estes princípios sejam projetados para outros contextos, que regulem a atividade também na interação com o exterior e que, nessa medida, possam funcionar como sinalizadores daquilo que são orientações fundamentais para que, em instituições complexas como esta, os valores essenciais possam ser plenamente entendidos e assumidos”.
O reitor lembra ainda que este “é um trabalho contínuo”, porque “todos os dias aparecem novos desafios a que temos de ser capazes de responder”. “Há áreas em que as práticas são já mais ou menos estabilizadas, refiro-me, por exemplo, à questão da avaliação dos projetos de investigação, que carecem do Conselho de Ética, mas, eu diria, desde logo, no conhecimento, na interpretação e na apropriação do código, naquilo que é o nosso cotidiano, aí há sempre caminho a fazer”, finalizou o reitor da UMinho.
Conselho de Ética quer transformar Código de Conduta "num instrumento formativo"
Cecília Leão, que preside o Conselho de Ética da UMinho, considera que o Forum permitiu criar "um laboratório ético-reflexivo sobre a forma como incorporar os princípios e os valores da ética no exercício das atividades profissionais nas diferentes vertentes".
Durante a iniciativa foram partilhados "diferentes olhares, desde o do estudante, e ser estudante é também ser profissional, passando pelo olhar de uma investigadora, que faz investigação centrada no desenvolvimento de carreiras, do encarregado para a matéria da proteção de dados, que também cruza com uma das vertentes da atividade desta Universidade, e do reitor, que partilhou uma perspetiva sobre o olhar institucional".
Cecília Leão pretende transformar o Código de Ética e Conduta "num instrumento formativo, no sentido de educar, de formar, tirando partido dos instrumentos e documentos que estão disponíveis na Universidade".
Pedro Albuquerque, investigador e membro do Conselho de Ética da UMinho, acredita que “a profissionalidade da academia está fundamentalmente relacionada com a forma como a comunidade se relaciona”. “Todos os anos temos temas muito ligados à vida académica. Estou certo que alguns dos temas que foram debatidos anteriormente nos fóruns acabaram por fazer algum caminho, com mudanças que vieram a ser operadas na nossa própria Universidade”, acrescentou.
O Fórum Ética 2025 terminou com a sessão 'Camões cantado', para incentivar "um espaço de reflexão" sobre a forma como "a arte pode abrir a mente a estes novos tempos".