Regional 17.09.2024 15H30
Trabalhadores do call center da Concentrix Braga em greve por 17 dias
A paralisação foi discutida pelos trabalhadores em plenário e convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC).
Os trabalhadores do call center da Concentrix Braga estão em greve a partir desta terça-feira e durante 17 dias. A paralisação é motivada pela recusa das empresas (Concentrix, Randstad e Menpower) em "discutir qualquer atualização salarial em 2024 ou para 2025, em não avançarem na promessa de criação de escalões salariais e pela necessidade de revogar as novas regras para ganhar os prémios que colocam todo o valor dos prémios em resultados que os trabalhadores não controlam".
Esta manhã, em frente ao edifício da estação ferroviária de Braga, os trabalhadores concentraram-se em manifestação.
Em declarações à RUM, o delegado sindical, Nuno Geraldes, destaca a "inflexibilidade da empresa perante uma situação em que modificou as regras para ganhar os prémios, colocando-os em obejtivos inatingíveis, e a total incapacidade de cumprir a promessa que fizeram de criar escalões salariais". Com a promessa não cumprida, o sindicalista chama a atenção para a crise na habitação, a subida de preços e o aumento do custo de vida no geral.
"É uma empresa que tem trabalhadores temporários, mas, na verdade, muita gente trabalha aqui há nove, 10 , há 12 anos. Ou seja, são pessoas que têm a sua vida construída aqui e que a empresa ignora olimpicamente", refere.
O sindicalista conta que os trabalhadores estão desde agosto a tentar falar e negociar com a empresa, com a existência de "várias reuniões, vários plenários em que os trabalhadores sugeriram outras alternativas, como a de transferir dinheiro dos prémios para o salário base de forma a diminuir a injustiça".
"Não fomos para lá com nenhuma linha vermelha e, no entanto, a empresa foi taxativa ao dizer que não haveria qualquer aumento de rendimentos, colocando os trabalhadores numa posição em que precisam de, efetivamente, fazer-se ouvir com uma empresa que não os ouve", acrescenta.
Nuno Geraldes nota que os trabalhadores estão prontos para negociar a partir do momento que "a empresa quiser começar a discutir aquilo que são os problemas dos trabalhos e o que importa na vida deles".
"Um processo de luta muito grande e pesado profundamente desnecessário"
Sofia Silva trabalha na Concentrix há 5 anos e conta que, se a empresa continuar com a mesma política, vai somar 3 anos sem aumento no salário. "Não estão a fazer face ao custo de vida. O ano passado ajudaram um bocadinho com o aumento do subsídio da alimentação mas, mesmo assim, como toda a gente sabe, não é suficiente", diz.
A trabalhadora relembra que a greve que realizaram no ano passado prolongou-se de setembro de 2023 até janeiro deste ano. "O ano passado arrastamos desde setembro até janeiro, fevereiro. Portanto, foi um processo de luta muito grande e pesado, não só para os trabalhadores como para a empresa, que é profundamente desnecessário", finaliza.
A RUM encontrou em contacto com a empresa, que optou por não tecer comentários sobre a situação.