Regional 25.08.2021 11H52
Trabalhadores da Bosch denunciam trabalho suplementar durante lay-off
A Comissão de Trabalhadores da Bosch Braga quer uma fiscalização da ACT e já denunciou o caso ao Ministério do Trabalho.
A Comissão de Trabalhadores da Bosch Braga acusa a multinacional de recorrer ao trabalho suplementar apesar de os seus trabalhadores estarem em lay-off, pelo menos até novembro.
O prolongamento do lay-off foi comunicado antes das férias de agosto, altura em que a empresa solicitou a um conjunto de trabalhadores que realizasse trabalho suplementar. Maximiliano Pereira, da comissão de trabalhadores, afirma que a situação é "incompreensível". O representante lamenta o prolongamento do lay-off até novembro, mas admite “maior preocupação” com os procedimentos da empresa que considera “ilegais”.
“Durante o mês de agosto, a empresa pediu aos trabalhadores para trabalharem no período das suas férias. Entrarem de férias dois dias depois, mas em vez de receber em pagamento, trabalharem um dia por dois dias de férias”, começou por explicar o sindicalista que, aos microfones da RUM, acusa a Bosch Braga de estar a “enganar as entidades competentes”, uma vez que em lay-off esta remuneração extraordinária não se justifica.
“Não há pagamento em dinheiro, mas dão dois dias por cada dia trabalhado. Se estamos em lay-off porque não há material, como é que se coloca as pessoas a trabalhar?” continua.
A Comissão de Trabalhadores já denunciou a prática junto da Segurança Social, da ACT e do Ministério do Trabalho, mas ainda não obteve resposta. “Até hoje não houve reunião nenhuma, não houve fiscalização da ACT de Braga e esta situação vai repetir-se até ao mês de novembro”, antecipa Maximiliano Pereira que lembra ainda que “até julho várias linhas tiveram praticamente o mês todo em lay-off por falta de material”.
Segundo o porta-voz, os trabalhadores não compreendem a situação e questionam a legitimidade da Bosch que alega falta de semicondutores para o regime de lay-off.
“Queremos que as entidades competentes fiscalizem se de facto a justificação da empresa é válida e se é permitido recorrer a esta prática de trabalho suplementar. Nós não sabemos se há falta de material ou não”, sublinha.
A RUM tentou contactar a Bosch, mas sem sucesso até ao momento.