Regional 30.06.2025 12H25
Temperaturas elevadas. Médico de Saúde Pública da ULS Braga deixa recomendações
Calor extremo exige comportamentos preventivos. Perante as vagas de calor cada vez mais frequentes, Pedro Pereira, da Unidade de Saúde Pública, destaca medidas de prevenção, identifica grupos vulneráveis e alerta para sinais de risco.
As temperaturas muito elevadas têm marcado os termómetros, um pouco por todo o país. Só este domingo, foi batido o recorde de temperatura máxima para o mês de junho: em Mora, distrito de Évora, os termómetros chegaram aos 46,6ºC por volta das 14h30, valor próximo do máximo absoluto (1 de agosto de 2003, na Amareleja, em Beja, com 47,3ºC). Esta segunda-feira, até às 21h00, vigora um alerta vermelho nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Setúbal, Lisboa, Santarém e Castelo Branco.
Em Braga, o recorde data de 7 de agosto de 2016, altura em que se registaram 42,2º centígrados. O distrito não esteve sob alerta nos últimos dias, mas o calor fez-se sentir um pouco por todo o Minho, razão pela qual a população deverá estar particularmente atenta aos efeitos do tempo quente.
Perante este cenário, a Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga reforça a importância da adoção de comportamentos preventivos, sobretudo junto das populações mais vulneráveis, como é o caso "das crianças, dos idosos, dos doentes crónicos, como doentes cardíacos e pessoas com diabetes, não esquecendo as grávidas", sublinha, em entrevista à RUM, Pedro Pereira, coordenador da Unidade de Saúde Pública de Braga.
A estes grupos, juntam-se também “trabalhadores no exterior, pessoas que têm más condições habitacionais e pessoas sem abrigo”, cuja vulnerabilidade ao calor é especialmente agravada. A ULS Braga tem em funcionamento uma equipa local de resposta sazonal em saúde, composta por vários elementos, incluindo profissionais da Unidade de Saúde Pública, que monitorizam a evolução das condições atmosféricas com base na informação fornecida pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. A análise destes dados permite emitir níveis de alerta, que são comunicados internamente à estrutura hospitalar e também ao exterior, incluindo aos meios de comunicação social e à população em geral.
Segundo o médico, os serviços da ULS Braga estão preparados para dar resposta à situação, com ajustes em recursos humanos e horários de trabalho, garantindo assim a continuidade dos cuidados de saúde. Até ao momento, não foi necessário ativar medidas excecionais, mas a resposta está a ser continuamente avaliada em função da gravidade dos alertas.
Pedro Pereira alerta ainda para os principais sinais de risco associados à exposição ao calor, que incluem "suores intensos, febre, vómitos ou náuseas, uma pulsação acelerada ou até uma pulsação fraca". Nestes casos, o médico recomenda que não se recorra de imediato aos serviços de urgência. "As pessoas devem contactar o SNS 24 através do número 808 24 24 24 e informar da sua situação. Só depois de avaliadas é que poderão ser encaminhadas. Claro que, se for uma situação crítica que ponha em risco a vida da pessoa, deve ligar-se diretamente ao 112", esclarece.
Recomendações a ter em conta durante uma vaga de calor
As recomendações para lidar com uma vaga de calor passam por manter uma hidratação constante, bebendo água mesmo sem sentir sede, e evitando bebidas alcoólicas ou açucaradas. É igualmente importante procurar ambientes frescos ou climatizados, com sombra e boa circulação de ar, e evitar a exposição direta ao sol, especialmente entre as 11h00 e as 17h00.
O uso de protetor solar com fator igual ou superior a 30 é essencial, devendo a aplicação ser renovada de duas em duas horas, sobretudo em contextos de praia ou piscina. Deve optar-se por roupas leves, largas e de cor clara, cobrindo a maior parte do corpo, bem como chapéu e óculos de sol com proteção ultravioleta. As atividades físicas ao ar livre devem ser evitadas nas horas de maior calor, assim como viagens de carro nestes períodos, nunca permanecendo em veículos estacionados ao sol.
O médico realça ainda a importância de garantir que as crianças bebem água frequentemente e estão em ambientes frescos. "Crianças com menos de 6 meses não devem ser expostas ao sol, nem direta nem indiretamente", frisa. Por fim, apela à atenção e responsabilidade social de todos para com os mais isolados, nomeadamente os idosos, garantindo a sua hidratação e conforto térmico.
"Devemos manter-nos informados, hidratados e frescos", conclui Pedro Pereira, lembrando que os efeitos do calor extremo podem ser evitados com comportamentos simples, mas fundamentais.