Por cada cigarro que se fuma, perdem-se, em média, oito minutos de vida. Em Portugal, morrem, por ano, cerca de 13 mil pessoas devido ao consumo de tabaco. No dia em que se celebra o Dia Mundial do Não Fumador relembramos que "o consumo de tabaco contribui para 85% dos cancros do pulmão, que é a doença oncológica com maior taxa de mortalidade”, disse, em entrevista à RUM, Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão.

"É o cancro mais mortal a nível mundial e nacional, embora não sendo o mais prevalente no país é o mais maligno. Por ano, são diagnosticados 5200 casos e morrem 4700 pessoas", adiantou.

A elevada taxa de mortalidade está relacionada com o diagnóstico tardio da doença. Como “o pulmão não dói e alguns dos sintomas são muitas vezes interpretados e associados pelas pessoas a outras doenças, torna o diagnóstico muitas vezes tardio, com consequências no tratamento".

Apesar dos "avanços significativos ao nível dos tratamentos, o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença"

Por isso, "tosses persistentes, expectoração com sangue, infecções muito recorrentes, dor no peito, falta de ar, cansaço, falta de apetite" devem merecer atenção. 

Cancro do pulmão detectado em pessoas que nunca fumaram. Porquê?

O cancro do pulmão é detectado em doentes que nunca fumaram, mas segundo Isabel Magalhães isso pode ter várias explicações.

Desde logo, 15% dos doentes com cancro do pulmão incluem-se no lote de não fumadores e, muitos deles, jovens.

O facto de não fumarem não significa que não sejam fumadores passivos, ou seja, de acordo com a presidente da Pulmonale, "o fumo que recebmos num ambiente de fumadores também tem efeitos cancerígenos". Além disso, acrescentou, "a poluição tem influência, bem como um conjunto de substâncias, como o amianto, ou alterações genéticas".

"A prevenção é a melhor arma contra a doença", por isso, "não fumar" é o primeiro e melhor conselho que os especialistas podem dar. "Se já fuma, procure ajuda e ainda pode recuperar qualidade de vida e saúde, diminuindo o risco de cancro do pulmao e de outras doenças, e esteja atento aos sintomas", aconselhou ainda.

O risco de cancro aumenta em todos os órgãos do corpo por onde o tabaco passa até chegar aos pulmões (boca, garganta, laringe e pulmões) e no seu caminho de eliminação do organismo (rim e bexiga) e ainda noutros órgãos intermédios (pâncreas e colo do útero). Se,depois disto, ainda for acender um cigarro, esperamos que seja o último.