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Elsa Moura

Legislativas 2025 06.08.2025 16H34

Rui Rocha defende nova localização para estação de TGV e aposta num metro de superfície

Escrito por Elsa Moura
O candidato da Iniciativa Liberal está convicto que a estação de alta velocidade e a conclusão da Variante do Cávado marcarão o futuro de Braga na próxima década e apresenta um plano alavancado nestes investimentos.
Rui Rocha a propósito do TGV, Metro de Superfície, BRT e expansão urbanística de Braga

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O candidato da Iniciativa Liberal (IL) à Câmara Municipal de Braga, Rui Rocha, defende um metro de superfície em Braga e garante que se for eleito presidente no próximo dia 12 de outubro uma das primeiras medidas passará por reabrir a discussão da localização da estação de alta velocidade, criticando o facto de Ricardo Rio, autarca local, ter deixado para a Infraestruturas de Portugal a decisão da estação em Semelhe sem uma discussão franca sobre o assunto que envolvesse especialistas e a população local.


Na última noite, na grande entrevista à RUM, o candidato dos liberais vincou que a localização da estação deve ser repensada, admitindo que na sua ótica a melhor localização da estação seria em Ferreiros.


Rui Rocha aponta a conclusão da Variante do Cávado e a Estação de Alta Velocidade como as duas obras mais relevantes que vão acontecer em Braga na próxima década e que devem ser aproveitadas por quem gerir os destinos do município de Braga para se afirmar como a "capital do norte", seja pela expansão urbanística, como pela atração de investimento e instalação de novos polos, nomeadamente nas áreas da tecnologia e saúde.

"A Variante do Cávado e o TGV são de facto as duas obras mais relevantes para a próxima década que vão acontecer em Braga. Acho que não são sequer discutíveis e creio que todas as candidaturas estarão mais ou menos de acordo de que elas são desejáveis", começa por admitir.

"Estação do TGV em Semelhe é mais um exemplo de submissão da autarquia ao poder central"


A propósito da estação de alta velocidade, apontada pela Infraestruturas de Portugal (IP) para Semelhe, o candidato liberal defende a reabertura dessa discussão e lança críticas à forma como o processo foi conduzido

apontando para o diz ser um exemplo de "submissão da autarquia de Braga ao poder central", uma vez que, declara, "ninguém perguntou a Braga, nem Braga exigiu participar na decisão". Também por isso defende que "o processo deve ser reaberto". 

"Está estudado que o sucesso das operações ferroviárias que implicam o TGV depende, por um lado da localização da estação, e depende por outro lado do envolvimento das populações na possibilidade de participar nesse processo. Nada disso aconteceu", sublinha. O candidato menciona três localizações "discutíveis", incluindo Semelho, mas também Ferreiros e a própria estação, ainda que confidencie que lhe parece "evidente que por um conjunto de fatores que Ferreiros devia ser a localização ideal para esta estação de TGV", argumentando que "não basta ser um transporte isolado, ou seja, a forma de ligar à cidade, a proximidade à cidade e a forma de ligar a outros transportes é absolutamente fundamental para o sucesso do TGV".


Na ótica do candidato da IL, "Ferreiros permitirá considerar uma ligação ferroviária adicional que é muito importante, que é a ligação de Barcelos, Braga e Guimarães, com a possibilidade depois de Esposende, eventualmente, e, por outro lado, uma linha que possa chegar ao Marco de Canaveses", sustentando que milhares de pessoas vivem por toda esta região e muitas vezes trabalham numa cidade vizinha. "Portanto, Ferreiros deste ponto de vista parece ser uma opção melhor, tem mais proximidade à cidade, é muito importante e tem as condições para criar o tal interface de transportes que será determinante para o sucesso e a conveniência do TGV", detalha.


Questionado sobre os custos associados a um metro de superfície em Braga, muitas vezes afastado de hipótese por representantes políticos devido à dimensão financeira, o candidato da Iniciativa Liberal dá o exemplo do metro do Porto. Afirma que muitas vezes os custos elevados estão relacionados com derrapagens por incapacidade associada a quem gere estes investimentos e insiste que Braga se encontra "no limite daquilo que é possível fazer do ponto de vista da ocupação do automóvel", não sendo o BRT a solução.

"Se há cidades, quer em Portugal, quer noutros países, que com a dimensão de Braga, e sobretudo a dimensão que nós podemos projetar para Braga para daqui a dez anos, têm exemplos de bons serviços alicerçados sobre o metro de superfície, aqui a questão do custo obviamente é importante, mas aí entra a visão estratégica. Nós queixamos-nos às vezes que só há dinheiro para Lisboa, ou no limite que só há dinheiro para o Porto. Porque é que isso acontece? É possível que haja de facto alguma inclinação do poder central para Lisboa, não discuto isso, é evidente que sim, mas nós precisamos de apresentar bons projetos, projetos desafiantes. E o metro de superfície é um projeto desafiante para o desenvolvimento de uma região. E eu creio que isso é bom para Braga, é bom para a região e é bom para Portugal, porque o Porto também está limitado no seu crescimento", remata.


Ainda sobre o BRT e apesar de não concordar com a estratégia seguida, afirma que "avançaria" como o que está mais ou menos planeado para não desperdiçar os fundos já associados ao projeto.


Os TUB não são fiáveis e a gratuitidade não resolve

Os liberais discordam da gratuitidade dos transportes públicos e questiona a "paternidade" da proposta, uma vez que hoje é defendida pelo candidato da coligação Juntos por Braga, mas que em 2021 foi defendida pelo candidato do Partido Socialista, Hugo Pires.


Rui Rocha considera que a empresa municipal não apresenta um serviço "fiável". Por isso, é necessário "investir mais" e não tirar recursos até porque há quem diga que teriam de lhe pagar para utilizar os TUB. "Tudo isto é perverso, eleitoralista e revela até algum desespero quando o PSD embarca em propostas que reconheceríamos melhor no Partido Socialista", atira. "O que importa ser gratuito se depois não se usa?", questiona.


Expansão urbanística para norte e oeste. "Um município, três cidades"

As novas transfomações na mobilidade de Braga seriam aproveitadas pelo candidato da IL para uma expansão urbanística a norte, através da Variante do Cávado.

"Para Norte [[que apelida de Augusta], a visão que eu tenho é uma ocupação de média densidade populacional, mas com elevadíssima qualidade do espaço público, com natureza, com o reaproveitar do rio Cávado. Do ponto de vista da fruição e da criação de excelentes condições de vida, parece-me que é uma oportunidade", defende para logo depois falar da aposta num metro de superfície, descartando o BRT. "O BRT é um projeto que nasceu coxo, passou de quatro linhas para uma, e vamos ser claros, não vai resolver nenhum dos problemas fundamentais de trânsito de Braga. (...) olhar para o futuro, e num projeto de uma década nós temos que ter uma aposta clara no metro de superfície, absolutamente fundamental para ligar a expansão urbana a oeste, puxada pela estação do TGV, e a expansão a Norte, puxada pela Vraiante do Cávado", acrescenta.


O projeto para esta expansão deverá envolver "os melhores arquitetos, paisagistas e pensadores de mobilidade e de ocupação do espaço" para trazer "novas opções de habitação para os bracarenses". A expetativa do candidato é que surjam muitos investidores interessados.


Na zona oeste de Braga [que apelida de Cidade Bracara], Rui Rocha aponta a "uma ocupação de elevada densidade, de qualidade" assim como a criação de "um polo de desenvolvimento tecnológico, ligado à saúde, para que se possam aproveitar a proximidade do TGV, a proximidade do aeroporto, a proximidade das vias de comunicação", enumera.


É preciso fazer regressar os jovens qualificados que emigraram. Designação de Área Metropolitana de Braga ou do Minho é "irrelevante"

Rui Rocha 'pisca o olho' aos jovens e sugere que a aposta na criação de polos de trabalho qualificado pode contribuir para o regresso de muitos jovens que optaram por experiências internacionais face à incapacidade do país em apresentar salários aliciantes e competitivos. Considera que é necessário "criar oportunidades para que esses jovens regressem a Braga e tragam a qualificação que adquiriram".

Um dos grandes títulos que vai apresentando para Braga é o de capital do Norte. Rui Rocha entende que uma área metropolitana "traz vantagem a toda a região", mas para isso "é preciso é que a liderança política consiga convencer todos os intervenientes de que devem abandonar essa lógica bairrista e devem, de facto, fazer um princípio de colaboração que será útil para todos".


A habitação em Braga, os preços e as dificuldades das famílias

Rui Rocha considera que o Estado "tem falhado sempre que se mete na questão da habitação" e ainda que considere que possa haver espaço para casas a preços sociais, essa não será certamente uma aposta dos liberais à frente dos destinos de Braga. "Ela deve ser proposta sempre com o desenvolvimento urbanístico de investidores privados", declara. "Depois é negociável. Se formos capazes de despertar o seu interesse, estarão disponíveis para assegurar uma parte a preços moderados em contrapartida do investimento que possam fazer em habitação de preço comercial", considera.


Notando que Braga tem "um problema de oferta", uma "expansão urbanística de excelência contribuirá para trazer mais opções, a preços mais moderados ou a preço moderado numa determinada percentagem".


Empresas municipais devem ser reavaliadas. Agere não será remunicipalizada com a IL

Deixando para o programa eleitoral cada proposta para as empresas municipais atuais, o candidato da IL defende uma "reavaliação" em toda a linha e em todas as empresas municipais. Certo é que a Agere, cuja remunicipalização vem sendo defendida por outros candidatos, não será proposta pela IL, partido que se "revê no modelo de gestão atual".


Nesta grande entrevista à RUM, Rui Rocha revela as motivações para ser candidato à Câmara Municipal de Braga, mas também a sua visão sobre a cidade dos dias de hoje, as mudanças com a coligação Juntos por Braga e o que faltou fazer. O perfil dos candidatos é outro dos pontos desta grande entrevista que já pode ser escutada na integra em podcast.


As eleições autárquicas estão agendadas para 12 de outubro. São nove os candidaturas à Câmara Municipal de Braga. Dia 14 de agosto é a data limite para a formalização das mesmas junto do Tribunal.

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