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Liliana Oliveira

Academia 22.11.2020 11H46

Covid-19. "Quando envolvemos as comunidades, a adesão às medidas é maior"

Escrito por Liliana Oliveira
Rita Araújo, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da UMinho, analisa a comunicação institucional sobre a Covid-19.
Rita Araújo, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da UMinho, a propósito dos aspectos que devem ser tidos em conta na comunicação em contexto pandémico. 

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A comunicação por parte dos agentes políticos e representantes das autoridades de saúde tem sido alvo de muitos comentários, pelos alegados avanços e recuos. Em entrevista à RUM, Rita Araújo, investigadora doutorada em Comunicação em Saúde pela UMinho, esclareceu que, em cenários de crise pandémica como o que vivemos, "não basta debitar números, é preciso explicar o que se está a fazer e de onde vêm as medidas".


Explicar é, assim, um dos verbos fundamentais para quem comunica, "para que a população consiga, mais facilmente, perceber porque é que determinados movimentos estão a ser proibidos ou porque é que lhes está a ser recomendado que fiquem em casa em determinadas horas". Além de explicar as decisões, acrescentou, é importante "envolver as pessoas no processo de decisão". "Quando envolvemos as comunidades, a adesão às medidas de prevenção é maior", referiu a investigadora.


Quando se transmite uma mensagem, esclareu ainda Rita Araújo, devemos ter em conta o público que a está a receber. "Se estamos a falar com jovens, a mensagem será necessariamente transmitida de forma diferente do que se estivermos a falar com idosos. Os canais de comunicação também poderão ser diferentes", alertou. 


As mensagens contraditórias, esclareceu a especialista, "são normais no contexto de uma pandemia como a que estamos a atravessar". Lembremos, por exemplo, o discurso de Graça Freitas, logo no início da pandemia, a propósito do uso de máscara. "Não vale a pena a utilização das máscaras", dizia, em Março, a directora-geral da Saúde, insistindo que a prioridade era evitar tocar com as mãos na cara. Como sabemos, o uso de máscara viria a ser aconselhado pouco tempo depois. O que naquele momento poderia ser uma realidade, deixaria de o ser uns dias ou meses depois, porque o vírus está em constante evolução. Assim, lembra Rita Araújo, "devemos reconhecer a temporalidade das mensagens que transmitimos, ou seja, o que eu hoje sei e digo pode não ser verdade daqui a duas semanas". "O que deveria ter acontecido em todos os momentos era reconhecer a temporalidade das informações prestadas e isso foi feito muitas vezes pela ministra da Saúde", finalizou.


Recorde-se que a investigadora já havia dito, em entrevista à RUM, que "as populações continuam a não ser envolvidas".

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