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Liliana Oliveira

Academia 20.11.2020 12H14

"Conferências de imprensa não têm razão de ser, já deviam ter terminado"

Escrito por Liliana Oliveira
Rita Araújo, investigadora doutorada em Comunicação em Saúde pela UMinho, considera prioritário "explicar algumas das medidas" adoptadas pelo Governo.
Rita Araújo, investigadora doutorada em Comunicação em Saúde pela Universidade do Minho, sobre a comunicação da pandemia em Portugal

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Os números associados à pandemia, como o de novos infectados ou mortes, "têm importância para os jornalistas" e, neste contexto, são "uma ferramenta importante", mas, segundo Rita Araújo, as conferências de imprensa não são "o melhor formato". "Considero que as conferências de imprensa não têm razão de ser, já deviam ter terminado. Mais importante do que transmitir esses números, que poderiam ser transmitidos através de outros formatos, importaria explicar determiandas medidas", disse, em entrevista à RUM, a investigadora doutorada em Comunicação em Saúde pela Universidade do Minho. 


Os media, relembra a investigadora, "são reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde e pela Direcção- Geral da Saúde como parceiros essenciais na gestão de uma pandemia". Para Rita Araújo, os media deviam ser envolvidos no processo de alinhar estratégias para a disseminação da mensagem. "Os media não são envolvidos, são chamados para comunicar aquilo que as autoridades entendem como sendo útil e necessário as pessoas saber", afirmou. 


A ausência de uma "estratégia de comunicação de risco em saúde" é também referida pela investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS). "As populações continuam a não ser envolvidas, tanto a

nível nacional, como local, e aquilo que deveríamos estar a fazer era identificar os principais problemas em termos da comunicação de risco em saúde e ajustar a comunicaçao em função disso", alertou Rita Araújo.


Segundo a investigadora, denota-se ainda "uma desresponsabilização dos agentes políticos e das autoridades de saúde na evolução da pandemia e a uma responsabilização individual dos cidadãos, que, muitas vezes, não têm ao seu dispor as ferramentas necessárias para decidirem de forma consciente e informada, relativamente aos comportamentos que adoptam". 


"Em Portugal, os níves em literacia em saúde são bastante reduzidos e, muitas vezes, os responsáveis da saúde dirigem-se às pessoas partindo do princípio que estas têm conhecimentos suficientes para conseguir processar a informação", referiu ainda Rita Araújo. Literacia em saúde implica que "a pessoa entenda o que estamos a dizer, consiga processar a informação e fazer uso dela". "Quando debitamos informação não quer dizer que exista comunicação", esclareceu.



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