Academia 08.08.2022 14H46
Pulseira made in UMinho leva mosquitos a acreditar que humanos são plantas
Dispositivo utiliza odores de plantas específicas que cada espécie de mosquito tem repulsa. Esta nova tecnologia, testado no Brasil, apresenta uma taxa de sucesso superior a 98%.
Uma investigadora da Universidade do Minho desenvolveu uma pulseira que leva os mosquitos a acreditar que os humanos são plantas que repudiam. Trata-se de uma tecnologia totalmente nova que consegue, através do odor, enganar os insetos e prevenir picadas muitas vezes associadas a doenças como a malária, zika ou dengue.
O dispositivo desenvolvido na Escola de Engenharia, por Filipa Fernandes, foi testado em 300 pessoas, no Brasil, apresentando uma taxa de sucesso superior a 98%. Os testes em laboratório contaram com a colaboração de Artur Ribeiro, do Centro de Engenharia Biológica (CEB) da UMinho. Cada pulseira tem um raio de ação de 60 centímetros e dura 30 dias.
Este novo dispositivo, que já está no mercado, é feito de silicone medicinal, de modo a evitar reações alérgicas e , no interior, de cera com compostos e derivados de plantas, que perante o calor corporal liberta de forma controlada um odor que confunde os insetos. As plantas utilizadas são citronela, neem e lavanda, “a combinação que se revelou mais eficaz” para confundir as espécies de mosquitos Anopheles e Aedes. O odor não afasta os mosquitos, contudo, evita a sua picada.
Esta pulseira não é um medicamento, ou seja, não trata patologias. O dispositivo funciona para diversas espécies de mosquitos existentes em Portugal Continental e nas ilhas, sendo que um dos próximos passos da investigação da startup ´Ooze Nanotech` passa por criar um aroma que afaste a espécie Culex que existe na Comporta. "Só queremos que as doenças como a malária ou o dengue não estejam todos os dias a matar pessoas", refere a investigadora que acrescenta que a cada 30 segundo morre uma criança no mundo com malária.
Nos próximos dois anos, a investigadora pretende trabalhar num novo ensaio na Unidade de Investigação Clínica de Nanoro, no Burkina Faso, com supervisão do Vector Control Advisory Group da Organização Mundial de Saúde, e que aguarda financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates. À RUM, Filipa Feranandes estima que sejam necessários cerca de 1 milhão de euros para assegurar todos os testes necessários ao produto com pessoas reais.
A startup já deu entrada com um pedido de patente para salvaguardar o processo de produção que é feito no concelho de Vila Verde. As pulseiras já estão disponíveis em algumas farmácias de norte a sul do país e no site ´style-out.com`. Alguns dispositivos X-OCR estão já a ser oferecidos por agências de viagens aos seus clientes.