Pedro Azevedo vai lançar, este ano, o primeiro livro sobre relatos e narrações de futebol em Portugal. O jornalista que colabora atualmente com a Renascença e com a SPORT TV foi entrevistado no programa RUM(O) Desportivo, dedicado ao Dia Mundial da Rádio.

A hipótese de lançar este manual, que explora a rádio, a televisão e o digital, surge por ser a pessoa há mais tempo a fazer relatos no país, desde 1985. “Só agora é que sinto alguma legitimidade para o publicar. Penso que, antes, outros nomes teriam muito mais legitimidade quando estavam no ativo, designadamente o meu mestre e a minha referência nesta área, António Ribeiro Cristóvão, que chegou a pensar nisso”, justifica.

O livro começa com capítulos que exploram o percurso de Pedro Azevedo e a história dos relatos de futebol (o primeiro foi feito pela BBC, em Inglaterra, no ano de 1927). Seguem-se uma parte mais científica, relacionado este fenómeno com o modelo de comunicação desenvolvido por Harold Lasswell, e outra que aborda a construção de uma narrativa audiovisual, que diverge consoante a plataforma utilizada. Em média, assinala, são ditas mais de 16 mil palavras por relato, 180 por minuto.

Segundo o ‘Dicionário das origens das frases feitas’, de Orlando Neves, o jornalista residente na Póvoa de Varzim é autor de mais de 1.000 expressões, como «sardinha na canastra» - acontece quando “muitos jogadores estão contidos na pequena área por causa de um pontapé de canto” - ou «canto de sereia». “É aquele namoro que uma equipa faz ao adversário para tentar encontrar espaços, de forma a surpreendê-lo em contra-golpe ou com uma bola lançada na profundidade”, explica.

O livro procura também apontar caminhos para “o relato do futuro”, no digital, baseado numa sociedade alicerçada em ecrãs e na interação com “usuários” e não com “ouvintes”. Trata-se, por isso, resume Pedro Azevedo, de "uma obra de envolvimento crítico, com testemunho fundamentado".