Regional 12.09.2025 23H28
Pedido de alargamento de licença do ginásio Supera até 2027 levanta dúvidas à oposição
O ginásio do grupo Supera continua sem avanços e a empresa já solicitou à autarquia o prolongamento do prazo da licença. Terá invocado razões relacionadas com a dificuldade de contratação na área da construção civil, mas a justificação parece não convencer na totalidade dos vereadores da oposição.
É um assunto polémico desde o primeiro dia em que se soube que onde tinham sido plantadas árvores pelo vereador do ambiente e pelo presidente da junta de freguesia de S. Victor seria entretanto construído um ginásio, com vários andares, de uma marca internacional com investimentos de grande envergadura em várias cidades.
A obra do ginásio Supera, na rua Luís Soares Barbosa, na freguesia de S. Victor, em Braga, esteve parada vários meses. No local, um enorme buraco com uma grua entretanto colocada, mas que ainda não se encontra em funcionamento. Foi assim nos últimos dois meses e com os moradores a estranharem tal paragem. Naquela que foi a penúltima reunião camarária, a maioria voltou a ser solicitada para dar novas explicações e soube-se que o prazo de licença da obra foi alargado até 2027 com o Supera a invocar razões relacionadas com dificuldade de mão-de-obra para o atraso nos trabalhos.
Na reunião de executivo municipal de Braga desta semana, os vereadores socialistas questionaram a maioria sobre esta nova paragem. Na resposta, Ricardo Rio disse que em causa estão “dificuldades de contratação” na área da construção civil, razão invocada pelo grupo privado que entretanto solicitou aos serviços camarários “a prorrogação da licença até 2027 para a conclusão da construção”. Agora, segundo o autarca, esta “folga temporal permite-lhes não avançar com a obra de uma forma tão célere quanto estava previsto”.
Menos confiante quanto às razões invocadas está o vereador da CDU. Vítor Rodrigues alerta que “não há nada de novo”, fazendo questão de frisar que “mesmo nos dias de maior calor, o fosso da obra continuou cheio de água”. “Mais uma vez é possível constatar que a água continua a afluir àquela zona e que isso, como já denunciamos, poderá colocar grandes problemas estruturais à obra e leva sempre à especulação se estão ou não relacionados com o facto de o empreiteiro ter parado a obra”, explica.
Já o vereador do PS, Artur Feio, que avisa que a obra “nunca estará pronta até 2028” e que se corre o risco da circunstância dentro de três anos ser outra e o investimento já nem interessar ao grupo Supera. “Se não houver essa circunstância, naturalmente há todos os mecanismos legais, mas a verdade é que a cidade fica ali com um poço a céu aberto”, sugere.
Por mais que uma vez a RUM procurou esclarecimentos do grupo Supera, mas até hoje nunca chegou qualquer resposta.
Moradores contestam obra, prolongamento da licença e temem "ainda mais problemas à porta de casa"
Uma vez mais e escutados pela RUM, os moradores insistem que "a água que existe naquele terreno não desaparece, infiltra-se nas estruturas e vai criar riscos sérios". Margarida Viana acrescenta que se trata de um processo "que desde o início é pouco transparente". "Infelizmente sentimos sempre um desprezo da maioria pela luta da população. Esta foi uma opção errada. Sabendo que a licença está prolongada é preciso repensar e devolver aquele espaço ao público. Daqui a dois anos vamos ver se vamos ter um privado a gozar daquele espaço e os moradores ficaram com menos qualidade de vida e com mais problemas à porta de casa", alerta.
Não foi submetido nenhum pedido de alteração ao projeto
Entretanto, e ao que a RUM apurou nos últimos dias, aos serviços municipais não chegou qualquer pedido para lá do prolongamento do Alvará até 2027 que já terá sido aprovado pelos serviços. Significa isto que não deu entrada qualquer pedido de alterção ao projeto, pelo que se mantém o que estava previsto: 2 pisos acima da cota de soleira e outros 2 pisos abaixo da cota de soleira.
No local ainda se encontra o alvará antigo com a data de conclusão prevista para julho de 2025, uma vez que o prazo para a conclusão das obras era de 24 meses.