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Liliana Oliveira

Cultura 20.09.2023 19H21

Paulo Brandão apresenta no Theatro Circo peça de Pessoa adaptada à dança

Escrito por Liliana Oliveira
‘Se Desta Janela, Debruçando-me’ sobe ao palco do Theatro Circo esta sexta-feira e sábado, às 21h30.
Declarações de Paulo Brandão, no ensaio da peça

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Três irmãs. Um caixão. Um marinheiro. Assim começa o espetáculo que Paulo Brandão estreia esta sexta-feira, no Theatro Circo.  ‘Se Desta Janela, Debruçando-me’ é um espetáculo inspirado na peça teatral “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa, que junta a arte de representar à de dançar. 


Paulo Brandão está de regresso à sala emblemática da cidade de Braga, depois de, em junho, ter deixado a direção artística, mas agora como criador e encenador.

Pela primeira vez, as palavras de Pessoa são adaptadas à dança, mas a maior dificuldade, diz Brandão, “é passar as ideias para as atrizes e estas passarem as sensações para o público”.


A peça começa com “três irmãs, mais uma que está dentro de um caixão, que resolvem contar histórias e falam de um marinheiro”. Paulo Brandão pretende, com a peça, levantar várias questões ao público: "Será “O Marinheiro” uma armadilha montada por Fernando Pessoa, que prende três mulheres num castelo (uma ilha?) e nunca as chega a libertar? Queira-se ou não, “O Marinheiro” é um beco sem saída. Escrito em setembro de 1913, completando há dias 110 anos, que sentido fará hoje descolonizar um texto tão estático? Será que Fernando Pessoa pensava na condição da mulher (portuguesa) ao escrevê-lo?". 


 “Respeitamos imensamente o texto. Houve um trabalho muito grande na estruturação do texto”, destacou. No cenário, o caixão aparece “sob a forma de luz e há uma janela grande, que projeta sombra”.

Para o encenador, “à luz de hoje, estas mulheres estão mesmo presas num castelo e quando estão quase a sair, isso não acontece”.


A criação de Paulo Brandão esteve para subir ao palco em 2021, mas a estreia foi adiada devido à pandemia. Em 2022, surgiram outras prioridades, mas à terceira foi de vez. A estreia está agendada para esta sexta-feira, às 21h30, com nova subida ao palco agendada para sábado, à mesma hora. 


Quanto ao regresso ao Theatro Circo, Paulo Brandão continua a chamar a sala de espetáculos de “casa”. “Eu nem senti a passagem, eu saí no final de junho (da direção artística) e no início de julho já estava a trabalhar na peça”, frisou. Brandão considera ser “importante mostrar a faceta mais criativa, que é muito mais difícil e arriscada do que fazer programação”.


A interpretação é de Carminda Soares, Maria R. Soares e Francisca Sarmento, e os figurinos de Anja de Salles.

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