“Património, democracia e cidadania” é o tema do Fórum do Património 2024 que, este ano, terá lugar no Museu D. Diogo de Sousa, em Braga. Organizado pela ASPA - Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural, a Fundação Bracara Augusta e o GECoRPA, com colaboração das cinco ONG promotoras do primeiro Fórum do Património, vai abordar temas relacionados com a estratégia nacional de salvaguarda do património, gestão do património cultural, interesses económicos, entre outros.

O objetivo do evento, de acordo com a presidente da Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património, Alice Tavares, passa por "assegurar que a sociedade civil tem voz em relação à defesa do património e também à melhoria, em toda a estrutura de decisão, que envolve desde a prevenção,

à parte de análise e de inspeção e diagnóstico do conjunto edificado". 

Contudo, em destaque não estarão temáticas relativas apenas ao património classificado, mas sim, de "todo aquele património que tem valor e que a população reconhece como fundamental para a identidade das cidades e dos lugares".

Estádio 1º de Maio é um exemplo da falta de investimento das instâncias nacionais no património classificado.

Do lado do Município de Braga, o presidente Ricardo Rio fala na necessidade de mais apoios para a questão do património. Um dos exemplos concretos é o das Lojas com História. "Tivemos vários proprietários de alguns desses edifícios (Lojas com História) a dizer, por favor, não nos classifiquem, porque isso vai-nos despoletar um conjunto de restrições que nós não queremos aceitar, que nos vão prejudicar. Ora, é isso que nós temos, obviamente, que também trabalhar, de maneira a que este objetivo coletivo de valorizar o nosso património

seja, de facto, assumido por todos e que sejam criadas as condições de que essa preservação seja feita também de uma forma devidamente equilibrada", afirma.

O edil aproveitou o momento para frisar as dificuldades, em especial do Município com as instâncias nacionais responsáveis pelo património classificado, nomeadamente, o Estádio 1º de Maio. "Não temos e não vislumbramos nenhuma solução de apoio, nenhum mecanismo de apoio, desde logo de natureza financeira, por parte das próprias instâncias nacionais. Portanto, mais uma vez, este esforço tem que ser partilhado", declara.

Intervenção no Património e Interesses Económicos em debate no Fórum Património.

Do lado da Fundação Bracara Augusta, o presidente Miguel Bandeira, realça o facto de a legislação não acompanhar a prática no terreno. "Há como que uma oportunidade também, muitas vezes, para suscitar em si equívocos, por exemplo, de confundir a necessidade premente que a nossa sociedade tem de ter mais habitação com aquilo que é a reabilitação do património", refere. 

Teresa Barbosa, membro da direção da ASPA, sublinha o facto de a associação estar cada vez mais isolada na cidade dos arcebispos, sendo por isso premente, a sensibilização da população para as questões do património quer a nível local quer nacional.

"Aquilo que nós vemos é que há um edifício com valor arquitetónico que pertence a uma pessoa, que o compra com um fim de rentabilização e tem que haver uma sensibilidade muito grande para proteger esse mesmo património", alerta. Teresa Barbosa não poupou nos reparos à autarquia bracarense, visto que tem o poder de "dizer não" e tentar salvaguardar o património. Um dos casos abordados durante a apresentação do evento foi o do novo Hotel Innside Braga Centro.

Para Filipe Ferreira, membro da direção do GECoRPA, a palavra chave durante este fórum será "sensibilização", nomeadamente, no sentido de uma maior formação das empresas e dos seus profissionais para intervenções mais específicas no património.

Todo o programa do Fórum Património 2024 está disponível aqui.