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Elsa Moura

Regional 30.09.2024 15H19

"Passeios são o parente pobre da mobilidade", alerta membro da ACAPO

Escrito por Elsa Moura
Filipe Azevedo, invisual, é membro da direção da ACAPO, a Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal.
Declarações no painel Mobilidade em Braga: redesenhar a cidade para todos"

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O representante da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) em Braga admite que são necessárias ainda muitas alterações urbanísticas para que as pessoas com deficiência, nomeadamente visual, possam deslocar-se em segurança na cidade, a começar pelos próprios passeios.


No debate “Mobilidade em Braga: Redesenhar a Cidade para Todos”, promovido na Universidade do Minho pela organização do Greenfest, este fim-de-semana, Filipe Azevedo, invisual, realçou alguns aspetos que merecem uma atenção diferente por parte dos responsáveis políticos, nomeadamente os passeios "parente pobre da mobilidade". Refere que em Braga "há um número incrivelmente grande de passeios em más condições, com pisos irregulares, com falta de manutenção, com falta de intervenção estrutural, o que se vê em muitas árvores que muitas vezes estão no meio do passeio, com raízes tão fundas que representam um risco de queda enorme". O excesso de mobiliário e de sinalética dá a ideia de que tudo tem de estar no passeio e não pode estar nada na berma da estrada", critica.


As passadeiras também estão nas preocupações centrais da ACAPO, ainda que no caso de Braga se note um cuidado, mas apenas com as novas passadeiras, realça Filipe Azevedo. "No que concerne a Braga tem havido uma evolução muito positiva, novas passadeiras que estão a ser instaladas já têm o piso tátil, de alerta e piso guia", explica, ainda que nas que já existiam, "infelizmente não tem sido feita qualquer intervenção". Outra dificuldade "nem sempre de fácil resolução, são as travessias que não são em linha". Nestes casos, para os invisuais "a tendência é seguir em frente para o meio da estrada". Reconhecendo que a resolução nem sempre é fácil, sugere, por exemplo, "uma mini ilha onde a pessoa se sentisse segura e se pudesse orientar através de um piso direcional até ao sítio onde iria continuar a travessia".


Já sobre os semáforos sonoros, o membro da ACAPO afirma que são necessárias respostas diferenciadas em grandes cruzamentos, já que com muito ruído, a tarefa é dificultada para os invisuais.


Outro dos obstáculos que exige mais rigor, na opinião dos invisuais, são as esplanadas quando não obedecem a determinados critérios. Filipe Azevedo refere que, por vezes, os invisuais esbarram em esplanadas, momentos de "desamparo" e de "maior fragilidade" para a pessoa cega, defendendo que a cada esplanada exista "uma barreira física a delimitar o espaço".


No painel participaram ainda Batista da Costa, antigo administrador dos Transportes Urbanos de Braga, Mário Meireles, presidente da Associação Braga Ciclável e Frederico Francisco, antigo secretário de Estado das Infraestruturas.

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