O Partido Socialista reconhece João Rodrigues como novo presidente da Câmara Municipal de Braga, mas considera que ainda “há questões pendentes e de dúvida” que não podem ser colocadas de parte, daí que apele em simultâneo à "prudência" enquanto se aguarda pelo apuramento geral eleitoral.

António Braga, candidato à Câmara Municipal de Braga, perde o ato eleitoral por menos de 300 votos para João Rodrigues da coligação Juntos por Braga. O rosto da candidatura não falou ainda à imprensa nem se dirigiu oficialmente ao eleitorado até à hora em que escrevemos esta notícia, com base numa entrevista telefónica rápida ao nº3 e presidente da comissão política concelhia, Pedro Sousa.

Os resultados oficiais foram lançados no site do MAI já depois das duas horas da madrugada. Na noite de ontem, ninguém reagiu publicamente aos resultados na sede da concelhia socialista e a imprensa foi mesmo informada de que tal já não aconteceria nesta madruagada. Entretanto, a RUM chegou à fala, esta tarde, com Pedro Sousa, o terceiro eleito na coligação PS/PAN.

Cauteloso nas palavras, assume que "o Partido Socialista partia para esta eleição com expectativa de vitória", mas "reconhece vencedores" mesmo que mencione que "há questões ainda pendentes". "Há numa eleição tão, tão apertada, 200 votos em mais de 107 mil votantes, algumas questões de dúvida, de apuramento em algumas assembleias de voto, que naturalmente farão, dentro do espírito da lei, o seu caminho (...) O Partido Socialista está ainda a estudar formas de poder ter uma reconfirmação do nível de detalhe de alguns resultados que nos suscitaram algumas dúvidas aos nossos representantes, mas isso não retira que ao dia de hoje reconheçamos a vitória do Dr. João Rodrigues e a sua eleição para presidente de Câmara", sustenta.

PS pede "outra humildade a João Rodrigues"

Os socialistas consideram necessário aguardar pelos resultados dos processos que durante esta semana se disputarão, "em particular no apuramento geral eleitoral, que começará amanhã [terça-feira], resultará num apuramento final e definitivo". Garante que o PS, "qualquer que seja o resultado final desse apuramento geral e definitivo, aceitará a expressão dos resultados", mas deixa um alerta à coligação Juntos por Braga na sequência desse mesmo raciocínio: "(...) assim como estamos certos que se porventura do mesmo apuramento resultar alguma alteração, porque a vantagem é mesmo muito, muito, muito curta, estamos certos que dos outros partidos acontecerá a mesma reação."

Questionado sobre a postura em cima da mesa por parte do Partido Socialista neste contexto de governação minoritária para a coligação Juntos por Braga de João Rodrigues, Pedro Sousa refere que a coligação PS/PAN está "aberta ao diálogo com todos" e procura tirar valor ao posionamento público do novo presidente de câmara quando lembra que é ele o presidente e foi a coligação quem venceu estas eleições e que mesmo que aberto ao diálogo que com todos "há linhas vermelhas". "Eu ontem ouvi com alguma surpresa o Dr. João Rodrigues dando nota de que tem algumas linhas vermelhas. Eu acho que quem quer governar num quadro de manifesta minoria, tem três vereadores em onze, portanto manifesta minoria, tem menos de 30% dos votos, deveria partir para um quadro negocial com outra abertura e, sobretudo, com outra humildade. É óbvio que ganhou, por cerca de 200 votos, pelo menos com a expressão dos resultados que temos ao dia de hoje", respondeu ainda.

Recorde-se que o PS/PAN conseguiu para a CMB um total de 24,24 % (26.102 votos) e a coligação Juntos por Braga, 24,50 % (26.378 votos). A coligação conquista a presidência com três eleitos, o PS surge no segundo lugar igualmente com três eleitos e o movimento Amar e Servir Braga, também com três eleitos. A IL sobe à vereação com Rui Rocha e o Chega com Filipe Aguiar.

Desde a saída de Mesquita Machado, em 2013, o Partido Socialista continua sem alcançar a reconquista da Câmara Municipal. Em 2013 apresentou-se a votos com Vítor Sousa, mas ficou em segundo lugar. Em 2017 apresentou Miguel Corais e repetiu a derrota. Em 2021 voltou a mudar de candidato e apresentou Hugo Pires, ficando novamente na oposição. Em 2025 os socialistas optaram por António Braga que tinha saído da atividade política local com Mesquita Machado e foram derrotados pela quarta vez consecutiva ainda que com a margem de diferença mais curta de sempre.

*Em atualização