Desporto 30.01.2024 16H28
“O caso Mateus é a maior injustiça do futebol português”
O Gil Vicente reclama uma indemnização nunca inferior a 10 milhões de euros.
Hugo Vieira considera que “ainda há uma ferida aberta” sobre o ‘caso Mateus’ e que é “o único problema” que o presidente da Federação Portuguesa de Futebol “não resolveu”. Abordando o tema no programa RUM(O) Desportivo, acredita que Fernando Gomes vai fechar o dossiê antes da sua saída, prevista para junho.
Se for eleito, adianta que pretende convocar uma assembleia-geral para falar do assunto, além de “pedir a opinião” ao antigo e atual presidente, respetivamente, António Fiúsa, que apoia a sua candidatura, e Francisco Dias da Silva, mandatário da outra lista, liderada pelo irmão, Avelino. Alinhando na ideia de que o clube deve encaixar, pelo menos, dez milhões de euros como forma de indemnização, salienta a necessidad de “pôr na balança e pesar” as diferentes hipóteses.
“É preferível receber 10 milhões daqui a 20 anos [prevendo que o processo se continue a arrastar] ou haver acordo e recebermos agora 6, 7 ou 8 milhões? Assim, poderíamos criar infraestruturas para os miúdos, para daqui a oito anos gerar 100 milhões em vendas, por exemplo”, argumenta.
Na opinião de Hugo Vieira, trata-se da “maior injustiça do futebol português". “Foi uma vergonha o que aconteceu. Não há dinheiro nenhum do mundo que possa cobrir isso, mas agora terão de pagar”, assinala.
'Caso Mateus' iniciou-se há quase 20 anos
O 'caso Mateus' remonta a agosto de 2006, quando o Gil Vicente, depois de ter assegurado a permanência, foi despromovido administrativamente à Liga de Honra, atual segunda liga, devido à utilização do internacional angolano Mateus, quando o futebolista estava impedido por ter atuado com estatuto de amador, na época imediatamente anterior, ao serviço do Lixa.
Na altura, a Comissão Disciplinar da LPFP sancionou o clube minhoto com a descida de divisão, após uma queixa do Belenenses, que o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol ratificou, impedindo ainda os gilistas de participarem na Taça de Portugal, assim como nos campeonatos de juniores e iniciados.
Na sequência da despromoção administrativa, o Gil Vicente recorreu das decisões para os tribunais administrativos, alegando a nulidade das sanções aplicadas, algo que foi confirmado pela sentença do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, proferida em maio de 2016. Em julho desse ano, a SAD do Belenenses formalizou recurso desta decisão judicial, que, na altura, tinha levado LPFP e FPF a considerarem inevitável a subida do emblema de Barcelos.
Entretanto, no final de 2017, os dois clubes assinaram um princípio de acordo sobre o 'caso Mateus', que permitiu aos gilistas a ascensão administrativa ao principal escalão, em 2019/2020. Contudo, o Gil Vicente nunca recebeu a indeminização pedida. António Fiúsa solicitou entre 10 e 15 milhões de euros e Francisco Dias da Silva chegou a falar em 21 milhões.
Pela primeira vez desde 1982, há duas listas candidatas à presidência do Gil Vicente: a A, encabeçada por Avelino Dias da Silva, que recusou dar uma entrevista à RUM, e a B, liderada por Hugo Vieira.
c/Lusa