ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

Albertina Machado e Mariana Machado © Gonçalo Delgado/Global Imagens
Elsa Moura

Desporto 11.03.2023 07H00

"No tempo da minha mãe a aldeia fazia comentários negativos. Hoje é o contrário"

Escrito por Elsa Moura
Mariana Machado, filha da antiga atleta, Albertina Machado, recorda as diferenças na aldeia, entre os tempos em que a mãe treinava e os dias de hoje.
Mariana Machado e Jéssica Augusto na edição conjunta RUM(O) Desportivo/Campus Verbal.

false / 0:00

Aos 22 anos, a atleta Mariana Machado assume que a sua vida enquanto atleta é bem diferente dos tempos em que a sua mãe, a atleta olímpica Albertina Machado, também corria. No âmbito do Dia Internacional da Mulher, e numa edição conjunta Campus Verbal/RUM(O) Desportivo, a RUM juntou em estúdio duas atletas de gerações distintas: Mariana Machado e Jéssica Augusto.


Aos microfones da RUM, a também estudante de Medicina da Universidade do Minho, deixou alguns sinais de mudança evidentes entre o tempo em que a sua mãe era atleta [terminou a carreira em 2000, aos 38 anos] e a atualidade. Um dos exemplos revelados por Mariana Machado esteve relacionado com as corridas de preparação realizadas na própria freguesia de Braga, onde ainda hoje residem. "A minha mãe dizia muitas vezes que as pessoas comentavam muito na aldeia ela estar a correr, a correr sozinha, ou como estava vestida. Era uma coisa muito pouco comum na altura e sempre houve muitos comentários. E hoje em dia, vivemos na mesma freguesia que a minha mãe vivia nessa altura e eu saio à rua e a maior parte dos comentários é: 'Força Mariana!', 'vai lá!', 'tu consegues!', 'és uma guerreira'!. Ou seja, os comentários acabam por ser muito mais positivos e de incentivo, quando na altura era um bocado de reprovação".


Recentemente a jovem atleta teve uma experiência internacional que lhe mostrou que a realidade de outros países é parecida com o que se vivia em Portugal até meados da década de noventa, inícios de 2000. "Acabei de regressar da Turquia e vivi uma experiência completamente diferente. Quis sair à rua para correr quinze minutos e tinha toda a gente a olhar para mim, pessoas a buzinar. Senti-me completamente desconfortável. Lá não é nada comum verem uma mulher sem burca a correr na estrada. Lá está, são realidades diferentes", constatou.


"Tínhamos vergonha, medo e complexos de correr na estrada" - Jéssica Augusto


Com outra experiência e 27 anos de carreira, Jéssica Augusto recorda que nos finais da década de 90, as atletas mulheres tinham complexos de correr na rua, com receio da reação das pessoas. 


A desportista do Sporting Clube de Braga, que admite terminar a carreira em 2024, lembrou que a tendência era saírem "mais tapadas" para correr. Assumindo que no Sporting Clube de Braga num sentiu tratamento diferente em relação aos homens, passou pelo Maratona Clube de Portugal em que "havia muita diferença a nível salarial entre homens e mulheres", ainda que fossem as mulheres a "trazer as medalhas". Também no investimento em estágios a diferença era evidente, recordou.




Deixa-nos uma mensagem