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Liliana Oliveira

Academia 03.02.2024 15H52

 “Sou, intelectualmente, um filho da Universidade do Minho”

Escrito por Liliana Oliveira
Lícinio Lima, professor catedrático do Instituto de Educação, recentemente aposentado, foi, este sábado homenageado, por mais de 40 anos de dedicação à UMinho.

Foi aluno, professor, investigador e pai intelectual de mestrandos e doutorandos, na Universidade do Minho. Descrito pelos colegas como “perspicaz e inteligente”, Licínio Lima, recentemente aposentado, está ligado à academia minhota há mais de 40 anos e, por isso, foi, este sábado, homenageado. Licínio Lima foi professor do Departamento de Ciências Sociais da Educação e investigador do Centro de Investigação em Educação (CIEd), foi presidente da Unidade de Educação de Adultos, vice-presidente do Conselho Cultural, diretor do Centro de Investigação do Instituto de Educação e Psicologia, diretor do Departamento de Sociologia da Educação e Administração Educacional e diretor de diversos cursos. Publicou uma centena de artigos em revistas científicas, meia centena de capítulos de livros e mais de três dezenas de livros, tendo ainda orientado mais de 60 teses de doutoramento e mestrado. Soma várias distinções, como o Prémio Rui Grácio, da SPCE e Fundação Calouste Gulbenkian, pela sua tese doutoral sobre a organização e participação da escola secundária em Portugal.


Inspirado por Paulo Freire, o professor dedicou a vida às políticas educativas e, no seu entender, “a escola democrática, igualitária e de acesso para todos, nunca é uma obra feita”. “Está a ser feita todos os dias e confronta-se com novos desafios”, acrescentou.


“Em Portugal, fizemos um percurso com enormes sucessos democráticos e fizemos, na educação, algo que muitos países europeus, muito mais fortes, ricos e mais centrais no sistema mundial, demoraram um século a fazer”, começou por evidenciar. Licínio Lima reconhece, ainda assim, “aspetos negativos”. “Fizemos muito, fizemos bem, devemos congratular-nos com a escola democrática que construímos, mas temos muito para fazer.

Considera que “o digital” pode ser uma ameaça, com “várias potencialidades e variadíssimos perigos”. Para o docente, “é absolutamente fundamental a dignificação da profissão docente” e lamenta que “a educação de adultos” seja o “parente pobre da política educativa em Portugal, nos últimos 50 anos”.


“Sou, intelectualmente, um filho da Universidade do Minho”, assumiu. Licínio Lima entrou na instituição em 1976, então com 19 anos. Foi estudante, dirigente da Associação Académica em 1977, professor e investigador. Trabalho em todos os continentes, em mais de 20 universidades, mas reconhece que “esta é a sua casa”. “Uma casa onde eu fiz a minha formação intelectual, académica, onde eu também exerci os meus deveres e direitos de cidadania, tomando posição no interior de vários movimentos, em vários momentos. É uma instituição a que me ligam profundíssimos laços e vão continuar a ligar, porque eu continuo a cooperar com o departamento e até já tenho um curso de verão para lecionar”, afirmou.


Aplaudido de pé, por um auditório lotado, Licínio Lima garante: “Ninguém trabalha 42 anos e se prepara para uma coisa destas”. “É uma alegria, naturalmente, reencontrar as pessoas que fazem parte da nossa história. É um sentimento de dever cumprido e de gratidão”, finalizou. Aposentado, o professor garante que vai “continuar a estudar e a escrever”.


Lícinio Lima “é um professor marcante para o Instituto de Educação"


Para o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, Licínio Lima “é um professor marcante para o Instituto de Educação, com grandes responsabilidades na consolidação de áreas de atuação particularmente importantes, no domínio da administração educacional, da sociologia da educação, da educação para adultos ou das políticas educativas”. “É um professor que contribuiu largamente para a projeção nacional e internacional da atividade de investigação e de ensino feita na área de educação na Universidade do Minho e é um nome de referência neste campo para todos nós”, acrescentou.


Rui Vieira de Castro está certo que Licínio Lima “continuará a ser uma presença forte, ativa e interventiva nestas áreas que ele escolheu para trabalhar e em que desenvolveu um percurso a todos os títulos notável”. “O professor Licínio Lima tem deixado e espero que continue a deixar marcas importantes no contexto nacional e internacional e ao fazê-lo está também a projetar o nome da própria Universidade do Minho”, finalizou.


Este sábado, o professor catedrático do Instituto de Educação participou na conferência "50 anos de educação em democracia: revolução, reforma, governação", que encerrou os três dias do “V Colóquio Internacional de Ciências Sociais de Educação” e onde foi homenageado.

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