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FOTO: SÉRGIO FREITAS/CMB
Elsa Moura

Cultura 18.07.2025 15H24

Musealização da Ínsula das Carvalheiras apresenta novo conceito para coberturas arqueológicas  

Escrito por Elsa Moura
A obra está a decorrer a bom ritmo, mas a exigência de alguns processos no terreno atira a conclusão da empreitada para depois meses depois do inicialmente previsto. Inauguração prevista até março de 2026.
Declarações da Arqueóloga da UMinho, Fernanda Magalhães e de Ricardo Rio, presidente da CMB

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Não será apenas "mais um sítio de coberturas arqueológicas em Braga, mas um conceito "completamente diferente". A recuperação da Ínsula das Carvalheiras e respetiva musealização já leva meio ano no terreno e deverá abrir portas em fevereiro de 2026, dois meses depois da data inicialmente prevista. Será, também por isso, "a grande novidade" da Braga Romana do próximo ano.

Um projeto desde o início pensado de mãos dadas entre arqueólogos da Universidade do Minho e arquitetos, assinalou esta quinta-feira a arqueóloga da UMinho, Fernanda Magalhães, que há muitos anos integrou também a equipa que realizou escavações neste local.


Numa visita para conhecer o ponto de situação da obra, Ricardo Rio, autarca local, sustentou que se trata de um espaço devidamente "preservado e estudado" com condições para que este projeto se concretizasse. 

"Este era um espaço que estava um pouco ao abandono na cidade, desconhecido para muitos, e que por força também deste espaço verde que se vai criar na envolvente do sítio arqueológico vai ser, seguramente, um espaço de fruição pública recorrente para a população", além de impulsionar a regeneração urbana desta zona central da cidade.


Notando que se trata de "uma enormíssima mais-valia do ponto de vista turístico", o autarca salienta a possibilidade de "criação de circuitos" uma vez que na envolvente, os diferentes espaços podem ser potenciados num roteiro único. "Na envolvente temos a Domus da Sé, temos as Termas da Cividade, o Museu de Arqueologia e, portanto, há aqui um conjunto de espaços que podem ser melhor articulados, melhor promovidos e estimular uma visitação integrada", aponta. 


Fernanda Magalhães, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho explica que apenas com uma visita ao parque, as pessoas conseguirão "ter uma ideia de como era a casa romana". Ainda assim, para quem optar pela visita ao Centro Interpretativo, terá oportunidade de uma experiência autêntica dentro de uma zona arqueológica.


"A ideia é que as pessoas tenham uma imersão dentro do espaço. Nas termas romanas queremos recriar os sons para que se perceba como se fazia quando as pessoas chegavam (...) na área mais pública, onde o senhor da casa estaria a receber também queremos recriar toda essa vivência", detalha. As pessoas vão perceber "o que é que era viver numa casa romana da elite da cidade", simplifica. Além disso serão colocados conteúdos multimédia para acompanhar a experiência.


Todas as ruínas arqueológicas estão devidamente preservadas. A propósito do betão visível no parque, a arqueóloga reitera que à quota onde estão ruínas, elas estão protegidas. "Dentro da zona das ruínas, todas foram respeitadas. [Estamos a ver betão], mas se queremos fazer um sítio único, precisamos de betão para o ancorar. Será camuflado, com árvores. É preciso esperar até março", explica. 

No local da casa romana, a mesma será recriada com uma estrutura metálica. A responsável sustenta que nunca se pretendeu "um Portugal dos pequeninos". 

"Não queríamos fazer uma réplica. A estrutura metálica a colocar vai permitir recriar como seria o telhado da casa, mas mantendo as ruínas no nível em que estão. Não vamos recriar em altura os muros da casa nem as paredes interiores. As paredes interiores vão ficar como estão, vamos é usar elementos multimédia que nos vão permitir recriar como seriam essas paredes", descreve. "Não queríamos restaurar em massa, e hoje em dia esse tipo de projetos também não se faz", completa.


Recorde-se que as intervenções arqueológicas na Ínsula das Carvalheiras iniciaram no ano de 1983 e terminaram em 2002, com múltiplos achados. Por isso, em 2026, a musealização da Ínsula das Carvalheiras vai fazer regressar ao local de origem muitas das peças encontradas e que estão atualmente no Museu D. Diogo de Sousa. "Não vamos trazer todas as peças, mas vamos selecionar as que queremos para representar o espólio riquíssimo de um sítio por excelência, um dos grandes exemplares da arquitetura privada do mundo romano que temos na Península Ibérica", mencionou ainda a arqueóloga e docente da UMinho.


O investimento ascende os três milhões de euros e conta com apoio de fundos comunitários. A empreitada está a cargo da ABB.


O projeto é da autoria de Alejandro Beltran-Caballero e Ricardo Mar, dois arquitetos com experiência na relação com a arqueologia e na musealização de vestígios romanos.


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