Regional 23.09.2023 15H49
Moradores da Rua Luís Soares Barbosa foram à Assembleia Municipal sensibilizar deputados
Um grupo de trinta pessoas, a residir na Rua Luís Soares Barbosa, surgiu na Assembleia Municipal de Braga para denunciar, uma vez mais, a construção de um ginásio privado num terreno que querem ver como parque verde.
As sucessivas denúncias públicas de um grupo de moradores da Rua Luís Soares Barbosa, a propósito da já aprovada construção de um equipamento desportivo privado, afeto ao grupo Supera, resultou ontem em duas intervenções de moradores daquela zona da freguesia de S. Victor, nas imediações do centro comercial Braga Parque, no início da reunião ordinária da Assembleia Municipal de Braga.
Três dezenas de moradores concentraram-se à porta do Altice FORUM Braga, antes do início da reunião da assembleia municipal, onde manifestaram novamente repúdio pelo que está a ser feito, à semelhança do que já tinha acontecido na semana transata, em sede de reunião camarária. Dirigiram-se depois para o grande auditório com o ojetivo de senbilizar os membros da assembleia municipal de Braga para a situação.
"Esta parcela da cidade é densamente povoada, tem dos arruamentos mais poluídos e ruidosos (...) pagamos diariamente pela falta de qualidade de vida. (...) Pouco sobrou, restam-nos pequenos fragmentos de verde. Onde temos mais de 6 mil metros quadrados de espaço verde vão agora construir um equipamento", resumiu Margarida Viana, moradora. Solicitando à assembleia que sensibilize o executivo municipal para a necessidade de interromper esta finalidade, vincou ainda o facto de o "Grupo Supera pretender construir um ginásio em cima de uma linha de água. A morfologia do terreno já foi mudada uma vez, vamos repetir?", perguntou.
"Promover a saúde, destruindo a saúde" - SOS Árvores de Braga
Numa segunda intervenção a cargo de outra moradora, foi exibido um vídeo que captou dificuldades diárias dos moradores, nomeadamente no cruzamento de viaturas nas vias por falta de, espaço, estacionamento abusivo e poucos lugares para tantos moradores com viatura própria. Com o futuro ginásio, os moradores estão convictos de que o problema será agravado. Além disso, os lugares de estacionamento que o mesmo grupo pretende disponibilizar para os seus clientes, com cobrança após uma hora e meia de utilização diária, "serão em vão" no período de verão. Com uma piscina privada ao ar livre prevista para ali, os moradores temem que no verão o problema se agrave ainda mais já que os utilizadores abdicarão provavelmente do parque pago para usufruir da piscina. "O nosso grupo não concorda com a construção que é mais um erro deste executivo. Os presentes neste auditório serão testemunhas do caos. Ainda nos vão ver aqui a falar de inundações", finalizou.
Ana Cátia Morais, do grupo SOS Árvores de Braga, manifestou solidariedade para com estes moradores. Apelou a uma mudança de mentalidades por parte da classe política que toma decisões. "A nossa mentalidade tem de mudar. Estas pessoas vão perder qualidade de vida, perder qualidade do ar, vão perder um espaço de liberdade. Temos de mudar esta cidade e não podemos viver este paradigma em que as pessoas vão de carro ao ginásio", disse. "Repudio fortemente esta forma de promover a saúde destruindo a saúde", disse.
No momento das intervenções, ainda eram poucos os membros do executivo municipal presentes na sala. Do lado da coligação Juntos por Braga, apenas ouviram as intervenções, as vereadoras Olga Pereira, Sameiro Araújo e Carla Sepúlveda. Do lado da oposição, apenas Ricardo Sousa, do PS, estava sentado no interior do auditório.
A Assembleia Municipal de Braga terminou já pelas duas horas da madrugada, sem que qualquer deputado dos partidos que compõe a coligação Juntos por Braga fizesse qualquer comentário ou alusão aos temas denunciados pelos munícipes. Por seu turno, socialistas, bloquistas, comunistas e PAN associaram-se às preocupações dos moradores.
Os problemas de ordenamento e fluidez de trânsito que resultam das obras na Avenida da Liberdade também foram abordados no período de intervenção do público, assim como situações relacionadas com a habitação, nomeadamente sobrelotação de apartamentos e falta de condições.