Legislativas 2025 10.05.2025 12H06
Louçã agradece a Ventura “apoio” em Braga e diz que vai ter “muito gosto” em roubar lugares
Francisco Louçã e Mariana Mortágua participaram, ontem, numa iniciativa de campanha em Guimarães.
O cabeça de lista do BE em Braga, Francisco Louçã, agradeceu de forma irónica a André Ventura o “apoio” que lhe deu e afirmou que vai ter “muito gosto” em retirar deputados da AD ou do Chega naquele distrito.
“Ontem eu vi entrar na campanha o meu maior apoio. O doutor Ventura foi declarar em Braga que queria evitar que eu ficasse no parlamento. E que o Chega perceba que a eleição de um deputado ou dois do Bloco de Esquerda vai tirar lugares ao Chega e ao ódio da extrema-direita é um orgulho, é uma demonstração de que tem sentido a campanha que temos feito”, afirmou Francisco Louçã.
Na quinta-feira, o líder do Chega, André Ventura, num jantar-comício em Guimarães, criticou as escolhas do BE e da IL para cabeças de lista naquele distrito, ironizando que fizeram uma “aposta nos jovens”.
"Nós devíamos dar um sinal a dois partidos nestas eleições, partidos que prometeram rejuvenescer, mas foram buscar o mesmo baú de sempre. O Bloco de Esquerda foi buscar o Louçã, e a Iniciativa Liberal foi buscar o Rui Rocha, esse grande valor jovem e seguro", criticou Ventura.
O histórico fundador bloquista salientou que o partido de André Ventura “tem sondagens” próprias “e escolheu ir a Braga dizer” que não o quer no parlamento, algo que o economista classificou como “curioso”.
Louçã considerou necessário retirar deputados da AD – coligação PSD/CDS-PP em Braga, distrito no qual o partido não elege desde 2019, altura em que conquistou dois deputados por este círculo, José Maria Barbosa Cardoso e Maria Alexandra Nogueira Vieira.
“E vai-me dar muito gosto de consegui-lo”, afirmou.
Interrogado sobre se considera injusto que o BE o tenha ido “buscar à reforma”, uma vez que propõe reforma antecipada para quem trabalha por turnos, Louçã respondeu num tom bem-humorado, dizendo que não está reformado, apenas deixou de ser eleito.
“Eu estou na luta política, sempre continuei, eu sou incansável. E acho que um dos grandes orgulhos da minha vida foi haver mulheres valentes, como a Catarina Martins ou como a Mariana Mortágua, que lideram o BE”, elogiou.
Mais de uma década depois, Francisco Louçã (Braga), Fernando Rosas (Leiria) e Luís Fazenda (Aveiro) voltam a integrar listas do BE ao parlamento.
Os bloquistas apostam assim em três círculos nos quais elegeram pela primeira vez nas legislativas de 2009 e que entretanto perderam.
Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas e Fernando Rosas foram os rostos mais visíveis da formação do BE, que nasceu em grande parte pela união de três forças políticas, já extintas: o Partido Socialista Revolucionário (PSR), a União Democrática Popular (UDP) e a Política XXI.
O que vai decidir para que lado vai o diálogo são os votos no BE – Mortágua
A coordenadora nacional do BE afirmou hoje que o que vai decidir “para que lado vai o diálogo” após as eleições legislativas “são os votos no seu partido, e que se o país souber “de que lado está, não há surpresas”.
“O que vai decidir para que lado vai o diálogo são os votos no BE, é se há ou não a eleição de deputados do BE. Nós já percebemos que não há maioria absoluta, que é preciso entendimentos entre partidos, e as pessoas podem escolher votando no partido, nas propostas, com o seu coração, com a sua vontade, podem escolher o que é que querem no dia a seguir às eleições”, argumentou Mariana Mortágua.
A líder do BE falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa de campanha em Guimarães, distrito de Braga, círculo encabeçado nestas legislativas antecipadas pelo fundador e antigo deputado, Francisco Louçã.
Questionada sobre as declarações do Presidente da República que, na quinta-feira, afirmou que quer nomear um Governo com a certeza de que o respetivo programa será viabilizado no parlamento, Mortágua defendeu que as palavras de Marcelo são a prova do que o que está em causa nestas eleições não é quem tem mais um voto, não é quem chega à frente”, considerando que “não vai haver uma maioria absoluta”.
“O que diz o Presidente da República é que o voto útil não faz qualquer sentido. Voto útil é votar nas propostas que queremos ver na Assembleia da República no dia a seguir às eleições. O que o Presidente diz é isso: não importa quem chega à frente, o mais importante é ter deputados que possam aprovar e apresentar as propostas para governar o país. E isto é estabilidade, isto é governabilidade”, argumentou.
A dirigente foi ainda interrogada sobre as palavras do líder do PSD que dramatizou hoje o apelo à mobilização de todos que querem estabilidade para que não aconteça como há dez anos e alguns eleitores “acordem com um Governo diferente daquele que queriam”, numa referência à solução parlamentar da ‘geringonça’, da qual o BE fez parte.
“Acho que toda a gente recorda bem que foi esse governo e o resultado do BE nessa altura que permitiu recuperar o seu salário e pensão. Os pensionistas têm feito questão de recordar isso a Luís Montenegro ao longo desta campanha, que se lembram de quem lhes cortou a pensão e também se lembram de quem lutou por ela. Nessa altura o PS queria congelar, o PSD queria cortar e foi a eleição de deputados do BE que conseguiu impedir isso”, recordou.
O BE quer “mostrar ao país que se pode governar melhor” e, para isso, basta saber de que lado se está.
“Basta saber que estamos do lado de quem não consegue uma casa, de quem tem dificuldade a chegar ao fim do mês, das pessoas que têm pensões tão baixas e tem tanta dificuldade para viver. E se soubermos de que lado estamos, não há surpresas”, rematou.
Sobre o facto de Pedro Nuno Santos ter garantido hoje que o Presidente da República pode ficar descansado, uma vez que um Governo liderado pelo PS será de diálogo e de estabilidade, manifestando abertura para um “diálogo entre todas as forças políticas”, Mortágua também deixou um recado.
“Se houver votos no BE e deputados do BE, Pedro Nuno Santos não vai reunir com o PSD”, prognosticou.
c/Lusa