Academia 21.02.2025 14H36
Livro dedicado a Guimarães Rodrigues eterniza o legado do "reitor dos estudantes"
“Guimarães Rodrigues: uma universidade sem muros” reúne mais de 40 testemunhos de familiares, amigos e antigos estudantes que conviveram com o antigo reitor da UMinho, falecido em 2023.
Lembram-no como o “velho sábio”, “o reitor dos estudantes” ou “um amigo genuíno”. António Guimarães Rodrigues, reitor da Universidade do Minho entre 2002 e 2009, é o protagonista de um livro, com quase 200 páginas, que reúne mais de 40 testemunhos de familiares, amigos e antigos estudantes.
“Guimarães Rodrigues: uma universidade sem muros” é o nome da obra, coordenada por Paulo Sampaio, professor da Escola de Engenharia e antigo aluno de Guimarães Rodrigues, foi apresentada, esta quarta-feira, no salão nobre da reitoria da Universidade do Minho.
António Sampaio da Nóvoa, que assina o prefácio, destaca: “A Universidade do Minho conseguiu um enraizamento notável na região, mas sempre com os olhos postos no país, na Europa e no mundo”.
Para lá do lado profissional, conhecemos também nestas páginas um outro lado do professor.
“Meu Querido Avô Tozé,
Não tive o privilégio de te conhecer apesar de já estar na barriga da minha mãe quando partiste. Sinto que te conheci e que vais estar sempre comigo pelo legado que deixaste, por todas as histórias que a nossa família partilha, pelos sorrisos e lágrimas, expressões, momentos bons e maus, pelas memórias que guardamos e a tua presença em tudo o que fazemos”. São as palavras de um neto, Tiago José.
Também o atual reitor, Rui Vieira de Castro, escreve sobre o professor Guimarães Rodrigues, não tendo dúvidas de que foi “um reitor muito importante para a UMinho”. “O que este livro faz é compilar um conjunto de testemunhos de natureza muito diversa, que nos devolvem uma imagem do professor Guimarães Rodrigues que é justa. É bom que essa imagem fique fixada e possa, por essa via, ser devolvida às atuais e gerações vindouras”, afirmou. Vieira de Castro lembra que Guimarães Rodrigues “era um reitor para quem aquilo que era essencial estava interiorizado e uma das coisas era a autonomia da instituição”. “Merece todo o nosso respeito e admiração”, finalizou.
A ideia deste livro partiu de Paulo Sampaio, que foi aluno, orientando e amigo de Guimarães Rodrigues.
“A melhor forma de homenagear um académico da grandeza do professor Guimarães Rodrigues é através de um livro”, admitiu. As palavras têm como intuito “homenagear e deixar um legado para as gerações futuras, para quem não teve oportunidade de privar com ele, para sentirem um bocadinho daquilo que era trabalhar e conviver com o professor”. “Um aspeto que se sente em todos os textos é a presença dele, a saudade”, frisou o coordenador da obra.
Com o cunho da UMinho Editora, Eloy Rodrigues lembra que o antigo reitor estará sempre “associado ao sucesso, crescimento e afirmação da UMinho”.Por isso, está certo de que “este livro será também um sucesso, pelo conteúdo dos testemunhos que reúne”.
Acílio Estanqueiro Rocha, amigo e antigo colega da equipa reitoral, diz que os testemunhos “mostram uma pessoa profundamente dedicada à universidade, trabalhadora e uma pessoa que trabalhava em equipa”.
“Chamam-lhe o ‘reitor dos estudantes’ e eu sou testemunha de como havia nele uma grande preocupação em ouvir os estudantes, mas também era grande a sua preocupação com a docência e que a UMinho se tornasse uma universidade completa”, recorda.
Acílio Estanqueiro Rocha lembra também a criação da licenciatura em Música, que mereceu “um aplauso enorme” no Senado, órgão onde não era fácil reunir consensos.
A sua história com a Universidade do Minho começou em 1975, casa em que viria a ser eleito reitor entre 2002 e 2009. Desde então, todos lhe reconhecem o mérito, a sapiência, a amizade que perdura, para lá do seu desaparecimento, a 6 de novembro de 2023.
António Guimarães Rodrigues criou o conceito de uma universidade sem muros, aberta à sociedade, onde todos importavam, sobretudo, a sua razão de ser… os estudantes.
Nestas páginas onde o carinho transparece, lêem-se as palavras de quem nunca o esquece:
“Na última quinta-feira do mês, de sua autoria,
Almoçávamos em amena e caótica arengada,
Por entre iguaria antes elegida, e doçaria,
E copioso néctar dos deuses regada.
Julho de vinte três, a fraqueza já se imporia,
A ágora de Setembro foi postergada.
Desde 6 de Novembro, a amizade pranteia
Com a saudade dessa vida cheia”.
Assim o lembra o amigo, Acílio da Silva Estanqueiro Rocha, professor Emérito da Escola de Lestras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho.
O livro "Guimarães Rodrigues: uma universidade sem muros" está disponível para venda na UMinho Editora.