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Foto: Sérgio Freitas / Município de Braga
Ariana Azevedo

Regional 29.10.2025 13H20

Lay-off longo na Bosch Braga atinge 2.500 pessoas. SITE-Norte fala em revolta e falta de transparência

Escrito por Ariana Azevedo
Em entrevista à RUM, o dirigente sindical Sérgio Sales confirmou que a multinacional alemã admite colocar mais 18 pontos percentuais sobre os 66% pagos pela Segurança Social. Para o sindicato, não é suficiente e "a empresa tem margem para garantir 100% do salário". 
Sérgio Sales, dirigente sindical do SITE-Norte, em entrevista à RUM:

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O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE-Norte) está a acompanhar de perto a situação na fábrica da Bosch, em Braga.


A administração da multinacional alemã já confirmou que vai avançar com o lay-off, que deverá abranger cerca de 2.500 trabalhadores a partir do início de novembro. O sindicato diz que não foi ouvido e que tanto trabalhadores como estruturas sindicais só souberam do processo através da comunicação social. 


Em entrevista à RUM, Sérgio Sales, dirigente sindical do SITE-Norte, disse que o ambiente na Bosch Braga é de revolta pela forma como tudo foi conduzido. “Não houve a cortesia de falar connosco. Sabemos o que é público e andamos a acompanhar as notícias para perceber quando, como e quem vai ser abrangido”, afirmou à RUM.


Na compensação, a Bosch admite colocar mais 18 pontos percentuais sobre os 66% pagos pela Segurança Social. O sindicato considera a proposta “curta” para uma multinacional com lucros e lembra que no último lay-off já tinha exigido a reposição integral dos salários. “Não é um grande feito. A empresa tem margem para garantir 100% do salário”, reforçou Sérgio Sales.


Agora, o SITE-Norte quer conhecer os dossiers em detalhe para propor alternativas que não penalizem os trabalhadores. Outras ações de luta não estão excluídas, mas apenas depois de auscultar a base sindical. “Naturalmente nunca excluímos nenhuma forma de luta. Primeiro precisamos de informação e depois sim ouvir os trabalhadores”, afirmou à RUM o dirigente sindical.


O que diz a Bosch

Em comunicado, a empresa refere “ajustes no tempo de produção e de trabalho devido à escassez de componentes”. A Bosch explica que as alterações na política de comércio externo estão a afetar a cadeia global de fornecimento e que mantém contacto com a Nexperia, um dos fornecedores de componentes eletrónicos, bem como com clientes e subfornecedores.


A administração confirma que o mecanismo de lay-off previsto no Código do Trabalho entra em vigor no início de novembro e deverá prolongar-se até abril de 2026, abrangendo cerca de 2.500 colaboradores. Garante ainda que as equipas foram informadas do procedimento e que a fábrica mantém prontidão de produção nas áreas afetadas para retomar rapidamente assim que chegarem os componentes eletrónicos.


“Assim que o problema for resolvido, a produção em Braga deverá regressar à normalidade”, lê-se no comunicado.

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