Regional 27.09.2024 18H25
Junta de S. Victor critica processo "atabalhoado" da CMB que deixa em risco a Confiança
Executivo da Junta de Freguesia de S. Victor manifestou a sua apreensão com o processo e pediu celeridade ao tribunal na tentativa de aproveitar os 25ME do PRR, mas não poupou críticas à gestão deste dossier por parte do executivo municipal liderado pela coligação Juntos por Braga.
O Presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva, considera que o processo da Fábrica Confiança decorreu de forma “atabalhoada”, "feito em cima do joelho", situação que prejudicou a execução da residência universitária, projeto que está em risco, como já assumiu publicamente o presidente do município, Ricardo Rio.
Numa conferência de imprensa realizada pelo executivo daquela junta de freguesia, à porta da antiga saboaria Confiança, esta sexta-feira, Ricardo Silva apelou à celeridade do tribunal, mas disse também que caso não seja possível executar o projeto através dos fundos do PRR, o Município de Braga não deve desistir de requalificar aquele património. O posicionamento público da junta de freguesia surge depois da Universidade do Minho e da Associação Académica manifestarem a sua preocupação e apreensão com os contornos mais recentes deste processo despoletado pelo grupo ABB que contestou em tribunal a decisão do júri de adjudicar a empreitada ao Grupo Casais. Num autêntico contra-relógio torna-se cada vez mais difícil executar a obra, mesmo que o tribunal dê razão à autarquia.
Ricardo Silva, autarca independente, mostrou-se "preocupado" com o risco de perda de apoios do PRR para a requalificação de um equipamento que a junta de freguesia de S. Victor "considera parte da história da cidade de Braga". Lembrou que no passado, enquanto dirigente associativo, defendeu a aquisição do edifício por parte do município para o tornar uma valência pública, e que em 2018, quando o executivo municipal o tentou alienar, a junta de freguesia de S. Victor "sofreu com o processo". Diz também que o tempo "deu razão à junta" quando não surgiram interessados na compra. Depois disso, "outra solução foi encontrada", referindo-se à disponibilização do equipamento à UMinho através de uma requalificação via PRR para a transformação numa residência universitária, uma hipótese que acompanhou.
"Não sendo o nosso projeto de requalificação preferencial, mas sendo muito melhor do que o imóvel ficar em posse de privados, fomos subscritores de que esta requalificação iria suprir um problema de acesso à habitação condigna e manteria o polo museográfico que faria viver a chama da Confiança e da época industrial", recordou ainda.
Lamentando que "os intervenientes do processo de impugnação não percebam como podem fazer cair um projeto importante para o concelho fazendo valer mais a componente financeira que a componente social", o executivo da junta de S. Victor critica também o grupo ABB.
Ricardo Silva apela ao município para que ambos os executivos se sentem à mesa caso a decisão não permita aproveitar o PRR. "Propomos sentar-nos com o município, avaliar as circunstâncias e ver qual será a melhor solução, pelo menos para dignificar este património de interesse público. Não pode ser aceitável que se continue a degradar, a ruir e cause insegurança à vizinhança", sublinhou em declarações à imprensa.
Confiança e Sete Fontes podem voltar a ser temas fortes das autárquicas de 2025
O presidente independente que se desvinculou da coligação Juntos por Braga nas autárquicas de 2021 admite ainda que se torna cada vez mais real a possibilidade dos temas quentes das autárquicas de 2013 se repetirem nas eleições de 2025. "Cada vez mais me parece que os grandes temas autárquicos [de 2013] seja as Sete Fontes, seja a Fábrica Confiança vão voltar a estar na berlinda, portanto, desde já, todos os proponentes a candidatos têm que estar preparados para, uns, justificar as opções que tomaram no passado, os que não conseguiram realizar no presente e há, concerteza, outros que poderão vir a defender a requalificação ou a melhoria desta zona para o futuro", finalizou.