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Ariana Azevedo

Academia 21.03.2025 18H29

João Paulo André. "Levar a ciência através da arte e a arte através da ciência" 

Escrito por Ariana Azevedo
O professor de Química na UMinho e autor do livro 'Irmãs de Prometeu. A Química no Feminino' foi convidado do UMinho I&D desta semana. 
João Paulo André à conversa com a RUM:

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Unir arte e ciência pode parecer um pouco insólito, mas não o é na vida de João Paulo André. Doutorado em Química pela Universidade de Basileia, na Suíça, é ainda professor auxiliar do departamento de Química da Universidade do Minho (UMinho)Paralelamente, é comentador de ópera na Antena 2 e cronista no Semanário Sol.


Escrever foi um gosto que lhe surgiu mais recentemente. Autor de 'Poções e Paixões - Química e Ópera' e 'Irmãs de Prometeu - A Química no Feminino',  tem também um livro “a quatro mãos, como numa peça de piano”, a sair em meados de maio. Esta semana, esteve no UMinho I&D para conversar sobre ciência, arte, literatura e até de ensino.


À RUM, o docente da UMinho fala da ligação entre química e ópera, duas áreas, à primeira vista, distintas, mas que não o são assim tanto, “desde logo porque normalmente as pessoas não gostam nem de uma nem de outra”. O livro 'Poções e Paixões – Química e Ópera' “é uma mistura exótica, mas a primeira coisa que o ocorreu foi pensar que, em grande parte dos libretos de ópera, há venenos”. 


É algo que mostra, para João Paulo André, que “a química está em toda a parte”, até no amor, “o grande ingrediente da ópera” e “a força motriz a humanidade” que tem “moléculas por trás de tudo isso”, concretiza.


Quanto à obra 'Irmãs de Prometeu - A Química no Feminino', que detalha as principais mulheres na área científica da química, é “mais do que uma biografia desgarrada”. “Eu queria fazer algo abrangente, tanto quanto possível, com um fio condutor, que não fosse só uma coleção de biografias e achei que para isso tinha que contextualizar”, começa por explicar o químico, detalhando que foi preciso estudar os grandes momentos de emancipação feminina e a luta pelos direitos das mulheres com “uma certa sequência cronológica”.


“Os títulos de cada capítulo são sempre duas coisas, o primeiro é perfumistas e hermetistas, o segundo é monjas e alquimistas, o terceiro é castas e guardadoras de segredos e por aí fora”, acrescenta.


Problema do ensino “é estrutural”


O professor de Química na UMinho descreve o estado do ensino, olhando em detalhe para a área científica que leciona, como “preocupante”.  Para João Paulo André, os alunos “não são ensinados a pensar os princípios, a realidade física dos fenómenos, são preparados só para, nem memorizar, é mecanizar coisas”, elucida.


Já na universidade, há “dificuldade em avançar, em explicar os conceitos, porque eles não têm as bases”, aponta o professor, indo ainda mais longe. “Acho que os alunos não percebem bem se duas cargas de sinais contrários se atraem, se repelem, eu acho que estamos a entrar já por aí”, finaliza.


A ciência através da arte, a arte através da ciência


O futuro de João Paulo André não se desassocia da escrita. A breve trecho, está programado o lançamento de um livro, em meados do mês de maio, escrito “a quatro mãos” e ligado a “música e ciência”. “Gosto sempre destas relações, levar a ciência através da arte, levar a arte através da ciência. Aliás, também nas crónicas que publico, também há sempre ciência e as ligações com a arte e a cultura.


João Paulo André foi o convidado do UMinho I&D desta semana, que pode ser ouvido em podcast no site da RUM.

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