Uma investigadora da Universidade do Minho realizou uma tese de doutoramento centrada na artista Cher. O estudo analisou a influência desta personalidade junto das minorias.

Orquídea Cadilhe avaliou letras de música, excertos de filmes, programas de televisão e spots publicitários em que a personalidade natural dos Estados Unidos da América esteve envolvida ao longo da carreira. De acordo com a autora do trabalho, "a mensagem acaba por ser muito consistente, nomeadamente ao nível do empoderadamento de minorias, como as étnicas ou a comunidade LGBT".

Destacando também o facto de ter "promovido várias causas, como a angariação de fundos para ajudar crianças com necessidades especiais", Orquídea Cadilhe considera que "o trabalho da artista tem também muito a ver com a persona dela".

Apesar de o estudo ser dedicado à artista Cher, a investigadora do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho explica que a análise teve igualmente "uma abordagem mais geral". "Quis ver até que ponto as celebridades que se tornam ícones da cultura popular podem ter um impacto social em minoriais, no sentido em que as motivam a lutar contra determinados padrões estabelecidos na sociedade", especifica.

A comparação com Madonna e o feedback que veio do Brasil

A percepção "mais superficial" que os portugueses têm sobre a Cher, actualmente com 74 anos, foi um dos motivos que levou Orquídea Cadilhe a desenvolver este estudo. A autora da dissertação, que viveu durante uma década nos Estados Unidos da América, refere que a artista, nesse país, tem "um grande impacto" e é vista como "uma figura paradigmática".

A investigadora da Universidade do Minho faz inclusivamente uma comparação entre a 'deusa da pop' e a 'rainha da pop', enaltecendo que existe "muitas mais publicações e estudos sobre a Madonna do que da Cher". "Ao fazer uma pesquisa inicial da carreira de ambas, apercebi-me que a Cher devia ser mais trabalhada", justifica a escolha.

Apresentada recentemente, 'Cher, entre o mito da celebridade e o empoderamento das minorias. Transmutações da mulher indisciplinada' já extravasou as fronteiras. Orquídea Cadilhe confidencia que, após ter publicado a tese de doutoramento, teve um feedback directo daquilo que foi a influência da artista na sociedade.

"Recebi há uns dias um e-mail de um fã da Cher, que vive no Brasil, que ficou muito feliz por eu ter escrito esta tese. Ele assume-se como homossexual e disse-me ter tatuagens da Cher no corpo dele e sempre viu a artista desta maneira que apresento no trabalho".