Regional 03.06.2025 16H25
Hospital de Barcelos. O projeto que esperou mais de 20 anos começa hoje a sair do papel
Aumento da capacidade de internamento de salas de cirurgia, novas especialidades, unidade de cuidados intermédios e hospital de dia entre as novidades.
Foi esta terça-feira publicado em Diário da República o concurso público para a elaboração do projeto do novo Hospital de Barcelos, marcando um passo decisivo num processo há muito aguardado pelos concelhos de Barcelos e Esposende.
O anúncio foi feito esta manhã, em conferência de imprensa nos Paços do Concelho barcelenses, pelo presidente da autarquia, Mário Constantino Lopes.
“Este longo ciclo de adiamentos e de desilusão terminou. Hoje é um dia que marca a história de Barcelos”, afirmou o autarca, sublinhando que o projeto “deixou finalmente de ser uma promessa adiada, para se tornar num compromisso em marcha”.
O novo hospital vai servir mais de 150 mil habitantes e substituirá as atuais instalações da Santa Casa da Misericórdia, “cujo edifício tem limitações estruturais há muito conhecidas”, como referiu Mário Constantino, apontando a urgência sobrelotada, a escassez de blocos operatórios e a precariedade das condições para consultas, internamentos e especialidades como oncologia ou ortopedia.
O concurso agora lançado tem um valor base de 4,8 Milhões de Euros, com prazo para entrega de propostas até 20 de setembro. A obra deverá arrancar entre 2026 e 2027, com uma duração estimada de três a quatro anos e um custo global superior a 150ME. O hospital está inscrito no Plano Plurianual de Investimentos da Saúde, com uma verba total de 163,3ME.
O projeto foi revisto por uma equipa técnica do SNS, da Administração Central do Sistema de Saúde e da ULS Barcelos/Esposende, com melhorias significativas no programa funcional.
Aumento da capacidade de internamento de salas de cirurgia, novas especialidades, unidade de cuidados intermédios e hospital de dia
Entre as principais novidades do novo Hospital de Barcelos destaca-se o aumento da capacidade de internamento para 218 camas, face às atuais 117, e a criação de um bloco operatório com seis salas, com possibilidade de expansão até oito. A infraestrutura incluirá ainda uma unidade de cuidados intermédios, um hospital de dia, uma área dedicada à saúde mental, e novas especialidades, como psiquiatria da infância e adolescência e gastrenterologia. Em termos de meios complementares de diagnóstico, o hospital será equipado com três salas de raio-X, três de ecografia, duas de tomografia axial computorizada (TAC) e uma de ressonância magnética, permitindo uma resposta mais eficaz às necessidades clínicas da população.
O presidente da ULS Barcelos/Esposende, Tiago Gonçalves, destacou a atualização do plano, com "a criação de uma unidade de cuidados intermédios de adultos com seis camas, a inclusão de uma segunda sala e equipamento TAC, e o aumento da capacidade de internamento para 140 camas, escalável até 190, são melhorias fundamentais.”
Sobre o modelo de gestão, Tiago Gonçalves clarificou que neste momento, o cenário é "de uma construção pública. Se outros cenários se colocarem, serão avaliados no momento certo.”
O hospital será construído num terreno de mais de 155 mil metros quadrados, adquirido pela autarquia barcelense por quatro milhões de euros, com fundos exclusivamente municipais. Segundo Mário Constantino, foi esse compromisso político local que desbloqueou o processo. "Desenvolvemos diplomacia política, sensibilizámos o Governo, resolvemos o que estava ao nosso alcance. O novo hospital representa uma melhoria profunda da qualidade dos serviços de saúde", vincou o autarca.
Na conferência estiveram também presentes Guilherme Emílio, presidente da câmara de Esposende, que reforçou a importância do projeto para os dois concelhos, e Gonçalo Fernandes, da direção da ULS, que defendeu a aposta num modelo de hospital de proximidade, centrado no ambulatório e na articulação com os cuidados primários.