Regional 26.03.2025 13H04
Gestores despedidos da Bosch por alegadas falhas graves com fundos europeus
Cinco gestores foram, em agosto de 2024, afastados compulsivamente. Sabe-se agora, de acordo com o Jornal de Negócios, que na base da acusação da multinacional alemã está o projeto de inovação Theia. Os gestores despedidos recorreram contra o despedimento para o tribunal de trabalho.
A Bosch de Braga despediu, no ano passado, um conjunto de executivos da empresa, entre eles o gestor que liderava a empresa há quase uma década, Carlos Ribas. O Jornal de Negócios revela agora que os gestores receberam da multinacional alemã notas de culpa e ficaram a saber do despedimento por justa causa, sem direito a qualquer indemnização ou subsídio de desemprego, por alegadas falhas greves deste grupo de quadros na elaboração e execução de candidaturas a fundos europeus, potenciando o encaixe indevido de subsídios.
Na base da acusação está o projeto de inovação THEIA, desenvolvido em parceria entre a Bosch de Braga e a Universidade do Porto, para a criação de soluções que melhoram as capacidades sensoriais de veículos autónomos, que obteve apoios públicos da ordem dos 17 milhões de euros para um investimento total de 28 milhões.
De acordo com várias fontes contactadas pelo Negócios, pouco tempo antes do encerramento do projeto, em meados de maio de 2023, Carlos Ribas, que também era diretor técnico da fábrica de Braga da Bosch, recebeu um email de um trabalhador do centro de desenvolvimento que estava alocado ao THEIA a denunciar que parte dos 55 contratados para este projeto, cujos salários eram parcialmente financiados por fundos públicos, estiveram a trabalhar noutros projetos.
Carlos Ribas terá então enviado a documentação da denúncia para a área de compliance da Bosch, que abriu um processo de investigação.
Entretanto, como o encerramento do projeto tinha prazos obrigatórios a cumprir, todas as chefias envolvidas no projeto terão validado a informação para que se pudesse submeter o pedido de pagamento final.Um ano mais tarde, cinco gestores foram despedidos.
Agora, já no final do ano passado, os gestores recorreram para tribunal, para impugnar o despedimento que dizem ilícito.
Numa consulta à entrada de processos em tribunal verifica-se que Carlos Ribas entrou com a ação em outubro do ano passado, impugnando o despedimento. Outros gestores entraram já em dezembro com ações do mesmo pendor. Há, de acordo com o jornal Observador, cinco ações em tribunal para o mesmo fim.
Questionada pelo Negócios, a Bosch não comentou o caso, por estar entregue às instâncias judiciais, mas explicou que “conduziu investigações internas em Portugal para esclarecer potenciais inconformidades relacionadas com a gestão e o desenvolvimento de projetos de inovação no país”.