Legislativas 2025 08.05.2025 19H34
Filipe Melo. “O Chega é o único partido de direita em Portugal”
Em entrevista à RUM, o número um do Chega pelo círculo eleitoral de Braga defendeu um novo modelo de financiamento do ensino superior. Recusou o rótulo de extrema-direita, e deixou críticas ao Bloco de Esquerda.
O partido Chega propõe um novo modelo de financiamento do ensino superior, com a isenção de propinas aos estudantes durante o ciclo de estudos, custos que seriam reembolsados gradualmente depois do ingresso no mercado de trabalho.
Em entrevista à RUM, Filipe Melo, cabeça de lista do Chega por Braga, destaca esta como uma medida "fácil" de implementar, uma vez que há "vários sistemas no mundo" que "funcionam muito bem". Dá o exemplo dos Estados Unidos da América (EUA), em que "os estudantes têm os seus trabalhos em part-time, ganham dinheiro para o seu dia a dia e frequentam o ensino superior gratuitamente".
Como é que vão pagar? Como é que vão reembolsar esse investimento? "Quando estiverem no mercado de trabalho, descontam uma parte do vencimento para pagar a universidade", concretiza. As bolsas de estudo "não chegam para tudo". No caso específico da UMinho, há "muitos estudantes que não conseguem suportar os custos".
Questionado sobre se esta não é uma ideia que exigiria um sistema de controlo pós-estudos específico, Filipe Melo garante que é "uma ferramenta facílima de implementar", uma vez que "a partir do momento em que o jovem termina o curso" e "vai para o mercado de trabalho, a Segurança Social e a Autoridade Tributária têm acesso ao que a pessoa está a descontar".
O número um do Chega em Braga, defendeu uma profunda mudança no sistema educativo, afirmando que o partido quer “romper por completo” com o que considera ser uma doutrina ideológica "introduzida pela esquerda" nos últimos anos. “Para nós, a escola serve para ensinar os conteúdos programáticos e não para influenciar os nossos jovens, as nossas crianças, a decidir o que querem ser no futuro". Filipe Melo deixa críticas em específico à disciplina de Cidadania. “Não seria muito mais importante estarmos a explicar aos nossos jovens o que é viver numa cidade com regras, com valores, com segurança, com a identidade da sua família, em vez de estarmos na cidadania a dizer a uma criança que, se gostar de uma árvore, pode casar com ela?”, exemplifica.
Sobre a autodeterminação de género em idade escolar, foi taxativo. “Nós não concordamos nunca com esta questão da ideologia de género nas crianças. Até à sua maioridade, não concordamos. A partir daí, cada um faz da sua vida o que entender".
Imigração. “Primeiro temos que dar espaço a quem é de cá”
São cada vez mais os imigrantes a viver no distrito de Braga. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, em 2023, havia 21.097 estrangeiros no distrito com estatuto legal de residente, 66% dos quais de nacionalidade brasileira. Aplicando um caso prático, o filho de um imigrante brasileiro a estudar na UMinho pode ter direito a um apoio social? Filipe Melo afirma que "se for nascido em Portugal, sim", destacando o papel positivo da comunidade imigrante. "São muito bem integrados, a nossa restauração e hotelaria vive muito dessa mão de obra”, assume. No entanto, "temos que dar espaço a quem é de cá, a quem nasceu cá, cujos pais descontaram uma vida inteira cá", sublinha.
Louçã e o Bloco de Esquerda. "Não sei se ele tem feito campanha de bengala ou não"
Também em entrevista à RUM, o candidato do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, apontou como objetivo tirar um deputado ao Chega ou à AD - Coligação PSD/CDS-PP. Questionado sobre a possibilidade do BE retirar um mandato ao Chega, Filipe Melo recusou o rótulo do partido ser de extrema-direita. "O Chega não está nesse quadrante político. É o único partido de direita no país", atirou, reagindo ainda com sarcasmo. “Eu não sei se ele tem feito campanha de bengala ou não, mas se pensa que vai tirar algum deputado ao Chega, está redondamente enganado".
A entrevista a Filipe Melo pode ser ouvida na íntegra em podcast.