Cultura 25.10.2025 11H30
Festival literário espanhol Eñe celebra "prazer da liberdade" com Portugal como convidado
É a primeira vez que um país não hispânico e a literatura num idioma diferente do espanhol são os convidados do Festival Eñe.
O festival literário espanhol Eñe deste ano, entre 11 e 30 de novembro em Madrid e Málaga, é dedicado ao prazer como "reivindicação subversiva" e tem Portugal como convidado, para celebrar "o prazer da liberdade", anunciou hoje a organização.
É a primeira vez que um país não hispânico e a literatura num idioma diferente do espanhol são os convidados do Festival Eñe, organizado pela La Fábrica e pelo Círculo de Belas Artes de Madrid (duas entidades culturais privadas) e que celebra este ano a 17.ª edição.
A edição deste ano tem como tema o "prazer, uma reivindicação subversiva" e pretende celebrar, entre outros, também "o prazer da liberdade", tal como Portugal e Espanha estão a fazer por causa dos aniversários dos 50 anos das democracias nos dois países, destacou hoje a organização do Eñe, na apresentação da 17.ª edição do festival, em Madrid.
Ao longo de 19 dias, o festival Eñe passará por 40 locais diferentes e, pela primeira vez, além de Madrid e Málaga, terá eventos em outras cidades espanholas, como Santander, Saragoça, Santiago de Compostela ou Leão, e também em Lisboa, no Instituto Cervantes, onde em 27 de novembro a escritora portuguesa Lídia Jorge e o colombiano Héctor Abad Faciolince conversarão sobre "prazeres e consciência ibero-americana".
Antes, em 14 de novembro, Lídia Jorge estará também em Madrid, no Teatro Fernando de Rojas, no Ciclo de Belas Artes, para uma conversa com o escritor grego que vive na Suécia Theodor Kallifatides sobre "o prazer e a dor de narrar".
Outros nomes portugueses que vão passar pelo Eñe são os escritores Gonçalo M. Tavares, Patrícia Portela e José Luís Peixoto, assim como os músicos Rodrigo Leão e Selma Uamusse, que participará num "concerto contado".
Ao todo, passarão pela 17.ª edição do Festival Eñe 180 autores de 23 países que participarão em 90 iniciativas.
O festival vai este ano tentar "conciliar o ñ com o nh", afirmou o presidente do Círculo de Belas Artes de Madrid, Juan Hernández León, numa referência ao idioma espanhol e português.
Referindo os 50 anos de democracia que tanto Portugal como Espanha celebram, Juan Hernández León deixou os "pêsames ao magnífico jornalista e ex-primeiro-ministro português" Francisco Pinto Balsemão, que morreu em 21 de outubro, lembrando que fundou o Expresso, "um grande jornal" e "uma voz de liberdade e independência".
O embaixador de Portugal em Madrid, José Augusto Duarte, também presente na apresentação hoje do Eñe, considerou que o festival é uma oportunidade para "o prazer da descoberta mútua e recíproca" dos dois países que, apesar de uma história "longa comum" só recentemente, com a chegada das democracias e a adesão à União Europeia, as duas sociedades se começaram a verdadeiramente descobrir. "Há muito a fazer nesta descoberta", afirmou José Augusto Duarte, que considerou que "ninguém verdadeiramente amigo de quem não conhece".
A participação e o protagonismo de Portugal no Festival Eñe deste ano enquadra-se na Programação Cultural Cruzada Espanha-Portugal - 50 Anos de Democracia, acordada entre os dois países para celebrar cinco décadas do fim das ditaduras portuguesa e espanhola.
LUSA