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Sérgio Freitas
Liliana Oliveira

Cultura 29.02.2024 10H39

Festival Internacional de Órgão dedica 10.ª edição ao canto coral

Escrito por Liliana Oliveira
São esperadas mais de seis mil pessoas nos 12 concertos que se realizam de 12 a 28 de abril, em diferentes igrejas de Braga.
Declarações de José Rodrigues, diretor artístico, e Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga

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São esperadas mais de seis mil pessoas na 10.ª edição do Festival Internacional de Órgão, que decorre em Braga, de 12 a 28 de abril. A programação, apresentada ontem na Igreja de Adaúfe, homenageia este ano o canto coral.


“O Festival inicia com o cantar em coro Património da Humanidade, o Cante, com o regresso dos Cantadores da Aldeia Nova de São Bento para apresentar algumas modas da tradição religiosa alentejana, desta vez na Catedral, para o concerto de abertura, ao qual se associam, como já é hábito os dois grandes órgãos, com os seus 3557 tubos, tendo como convidado especial um dos mais prestigiados organistas mundiais, Daniel Roth, titular dos órgãos de SaintSulpice, em Paris”, explicou o diretor artístico do evento, José Rodrigues.


No sábado, o Cante vai até ao Bom Jesus, ao Largo do Pelicano, para apresentar modas populares ao ar livre. À tarde, pelas 16h00, na Capela Imaculada (junto ao Auditório Vita) cantam os Pequenos Cantores de Versailles (Paris), um coro de crianças francesas que irá interpretar músicas de compositores da mesma nacionalidade. Ainda no dia 13 de abril, à noite, 21h30, na igreja de São Lázaro, juntam-se Bach e João Rodrigues Esteves, dois compositores do barroco, um da Alemanha e o outro Português, para obras a dois coros, órgão e orquestra barroca, num programa intitulado “Tecido em fios de ouro”.


Segue-se, no domingo, às 16h00, na igreja de São Marcos, será apresentada a obra dos compositores da escola bracarense, das gerações mais antigas aos contemporâneos, numa narrativa musical entre o Nascimento e a Ressurreição, com músicos da Escola de Música Litúrgica de São Frutuoso.


A 19 de abril, a igreja de Santa Cruz recebe o coro juvenil Sonus Aura, juntamente com a organista e conselheira da cultura do Governo Espanhol, Esther Ciudad, e apresentam um programa de diálogos entre o órgãos e as vozes, com uma atenção especial à obra de Buxtehude. “No dia 20, o Festival visita Vila Verde, numa iniciativa inédita, mas à qual se pretende dar continuidade alargando o sucesso do evento e a valorização do órgão a outras localidades dentro do distrito e arquidiocese de Braga”, sugere José Rodrigues. Nesse momento, o Festival terá como palco a igreja Nova de Prado, onde se ouvirá “um órgão diferente, de estilo alemão, o maior órgão da região, e que será tocado pelo organista alemão Niklas Jahn que, além de interpretar grandes obras de órgão acompanhará os Jovens Cantores de Guimarães, sob a direção de Janete Ruiz”. No dia 21, domingo, às 16h00, na Basílica dos Congregados, o coro “VianaVocale” interpreta a obra de Purcell “Music for the funeral of Queen Mary” e também o Requiem de Tomás Luís Vitória.


Para o diretor artístico, um dos pontos altos do evento está reservado para o último fim de semana, na igreja do Pópulo, “com a interpretação do Te Deum de Jean-Baptiste Lully, uma obra para dois coros, solistas, órgão e orquestra, com a orquestra e coro do Distrito de Braga e o organista francês Frédéric Deschamps, sob a batuta do maestro Diogo Costa”. “No sábado, 27 de abril, em Adaúfe, e porque o Festival faz parte do plano de descentralização da Cultura, encontramo-nos com o Coro de alunos do Conservatório Calouste Gulbenkian de Braga, dirigido por Ana Rute Rei e acompanhado pelo organista Tiago Ferreira”, acrescentou. O Festival Internacional de Órgão termina na igreja de Santo Adrião, no dia 28, às 16h00, com o Coro e Orquestra Sinfónica da Universidade do Minho, sob a direção de Vítor Matos, que apresentam a 9.ª Sinfonia de Beethoven.


Festival duplica número de concertos em dez anos e atrai cada vez mais participantes


No espaço de dez anos, o concelho passou de 11 para 21 órgãos em funcionamento e “faltam recuperar perto de 30”. Desde 2014, “passamos de cinco para 12 concertos e, em todos eles, as igrejas ficam lotadas”, destacou o diretor artístico. Na última edição, em 2023, a iniciativa atraiu mais de seis mil pessoas, que, na ótica de José Rodrigues, dinamizam a economia local, porque “usam os alojamentos, restauração, comércio e serviços”.


“Para que os órgãos toquem necessitamos de organistas. Dez anos depois, a oferta de formação em órgão na cidade praticamente não existe, pelo menos nas escolas oficiais, como o Conservatório de Braga continua sem curso de órgão e a obrigar os jovens a ir para Guimarães, Barcelos ou Vila Verde…ou então são forçados a escolher outro instrumento ou a desistir”, lamentou o responsável. Ainda assim, denota que, na diocese, “isso já é possível em Real, na escola de música litúrgica, mas não há uma escola de ensino oficial”.

O festival integrava, na primeira edição, 12 músicos. Este ano, passarão pelas diferentes igrejas mais de 500.

“Braga é uma cidade do órgão”, finalizou José Rodrigues. 


O presidente da Câmara, Ricardo Rio, enalteceu a "dimensão histórica e identitária" do evento, numa cidade "que é muito rica em órgãos de tubos". "Este festival tem contribuido para a savalguarda e valorização desse património", referiu o autarca, lembrando a importância da "reabilitação de muitos órgãos e a colocação desses instrumentos ao serviço das comunidades". "Este festival é também uma alavanca de promoção da cidade de Braga, que tem resultados duradouros", finalizou.

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