A falta de apoio social é responsável por níveis mais elevados de ansiedade e depressão que a perda de visão em casos de retinopatia diabética ou degeneração macular, duas das principais causas de cegueira em adultos. A conclusão é do estudo que foi desenvolvido, pré-pandemia, pela Universidade do Minho em parceria com a Universidade de Coimbra e o Hospital de Barcelos.

O trabalho que pretende "caraterizar os problemas associados com a deficiência visual e a utilidade das intervenções atuais", concluiu que " as pessoas com bom apoio social percebido apresentam menores índices de ansiedade e depressão independentemente da fase da doença e perda de visão", refere o coordenador do estudo António Filipe Macedo.

O investigador do Centro de Física da Escola de Ciências da Universidade do Minho é o convidado desta semana do UMinho I&D.

A equipa contou com cerca de 70 pacientes da unidade de saúde da cidade dos galos, que foram acompanhados em "consultas" de reabilitação visual. Estas, de acordo com o investigador, consistiam em aconselhar ou prescrever óculos especiais, lupas ou outros tipos de equipamentos de cariz eletrónico, de modo a facilitar aos doentes a execução de tarefas no seu dia-a-dia.

"Esta reabilitação visual foi suficiente para que as pessoas melhorassem clínica e estatisticamente de forma significativa", declara António Filipe Macedo.

Tendo em consideração os resultados "surpreendentes" deste estudo clínico, a equipa já avançou com uma submissão à FCT. A ideia passa por entender se é possível fazer um acompanhamento, de forma remota através de um smartphone, mais regular dos pacientes com retinopatia diabética ou degeneração macular, de modo a melhorar a sua qualidade de vida assim como os níveis de apoio social percebido. 

O que é degeneração macular?

Trata-se de uma doença associada ao envelhecimento que origina perdas na visão central. Segundo António Filipe Macedo, as pessoas que sofrem desta patologia não conseguem ver os olhos de uma pessoa enquanto conversam, pois perderam a visão central. "Está danificada embora a visão periférica, relacionada com o caminhar, fique conservada", refere.

Esta é uma patologia que provoca uma redução rápida da visão central.