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Facebook de Evandro Lopes.
Elsa Moura

Regional 12.03.2024 17H04

Evandro Lopes, o "investigador por tendência que nasceu no meio dos livros"

Escrito por Elsa Moura
Faceleu esta terça-feira, 12 de março, aos 69 anos. O bracarense Evandro Lopes era uma figura conhecida da cidade. Um apaixonado por Braga e pelo SCB que segundo as suas investigações terá sido fundado em 1914 e não em 1921
Declarações de Jorge Cruz e João Rodrigues

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Morreu o bracarense Evandro Lopes, aos 69 anos. Um homem que nasceu no meio dos livros, que escreveu as suas próprias obras, responsável por um enorme espólio documental referente à cidade de Braga.

Era conhecido na sociedade bracarense pelo seu lado irreverente, crítico, mas também pela sua paixão por Braga e pelo Sporting Clube de Braga. Em finais de 2010 lançou com João Nogueira Dias um livro que relançou uma discussão: afinal qual o ano da fundação do Sporting Clube de Braga? 1921 ou 1914. “A História da ‘Bola’ em Braga” é o nome da obra que atesta, segundo o autor, a fundação do clube no ano de 1914.


No próximo sábado, dia 16, estava programada a apresentação do seu mais recente livro, desta feita dedicado a outra paixão, o São João. "850 anos das Festas do São João de Braga", a mais antiga festa popular portuguesa.


O prefácio coube ao amigo de várias décadas, Jorge Cruz, ele que em declarações à RUM recorda "já com saudade", Evandro Lopes. "Fico com pena também por isso, porque sei que estaria a preparar a continuação daquela obra, ele tinha muito material", começa por explicar. Diz que Evandro Lopes "era um investigador". "Não tinha a formação de historiador nem de investigador, não tinha a formação académica, mas era por vontade própria, por tendência porque nasceu no meio dos livros", continua. Filho do "famoso alfarrabista da Arcada, viveu quase sempre no meio dos livros". Segundo Jorge Cruz, Evandro Lopes deixa "uma excelente biblioteca, um excelente arquivo fotográfico e não só, um arquivo digital muito grande e valioso com muita da história de Braga" que espera ver prolongado, designadamente com os filhos.


"Dizia aquilo que pensava, muitas vezes sem pensar aquilo que dizia"


Outra das caraterísticas era a personalidade vincada de Evandro Lopes, ele que "não alinhava pelos diapasões normais, uma pessoa que dizia aquilo que pensava, muitas vezes sem pensar aquilo que dizia". Na opinião de Jorge Cruz, Evandro Lopes não teve o reconhecimento merecido em vida. "Em determinadas áreas ele era inclusivamente rejeitado, talvez também pelo seu espírito de pessoa inconformada que dizia aquilo que tinha de dizer", acrescenta. "Acho que é um pouco tarde, mas estaremos sempre a tempo de recompensar o esforço que ele teve durante a vida", finaliza.


E se Jorge Cruz era um amigo de várias décadas, João Rodrigues, atual vereador do Urbanismo no município bracarense entrava no leque de amigos mais jovens. À RUM recorda um amante da cidade sem ser bairrista. "Ele conseguia gostar imenso da cidade, viver a cidade, falar dos problemas da cidade, falar da história da cidade de uma forma muito aberta e plural", resume.

Resguardado em casa por motivos de saúde de há vários meses a esta parte, era recorrentemente visitado por muitos amigos, fator também sublinhado por João Rodrigues, já que Evandro Lopes "se moldava às pessoas e vivia a cidade no seu todo, dava-se com o pobre e com o rico, com o analfabeto e com o doutor".


Evandro Lopes, que pertencia também à direção dos 'Bravos da Boa Luz', completaria 70 anos no próximo mês de junho.

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