Academia 30.11.2023 21H00
Eurodeputada portuguesa está a tentar impulsionar comunidades de energia
Maria da Graça Carvalho foi a convidada desta semana do UMinho I&D. A eurodeputada eleita pelo PSD revelou, em entrevista à RUM, que a Universidade do Minho terá uma fatura de 100 mil euros por mês com o supercomputador Deucalion.
Mais de 100 mil euros por mês. Esta é a fatura que a Universidade do Minho terá de suportar, a partir do próximo ano, com o início de funcionamento do supercomputador Deucalion. A informação foi revelada aos microfones do UMinho I&D pela eurodeputada Maria da Graça Carvalho, uma das responsáveis pela rede EuroHPC, que prevê investir 8 mil milhões de euros até 2030, para criar uma rede europeia de supercomputação e garantir um lugar de destaque na capacidade de processar dados. Rede esta que permitiu a instalação do supercomputador em Portugal.
O Deucalion, supercomputador instalado no campus de Azurém, em Guimarães, poderá ter um consumo equivalente ao de 100 famílias médias, ou seja, o mesmo que uma pequena aldeia. Neste momento, a academia está a aguardar a aprovação do projeto, o ´Sustainable HPC` orçado em 7,3 milhões de euros pelo Fundo Ambiental até 2025, que pretende fazer com que o supercomputador funcione a partir de energia verde. Um projeto que está atrasado, visto que inicialmente a infraestrutura estava prevista para o AvePark.
Em entrevista à RUM, Maria da Graça Carvalho não esconde que se trata de uma conta pesada, contudo, refere que está a trabalhar num relatório do desenho do mercado elétrico em que o objetivo passa por "tentar impulsionar as comunidades de energia e remover barreiras", nomeadamente, a demora nos licenciamentos.
Deucalion terá acesso aberto a investigadores e empresas.
A eurodeputada acredita que os supercomputadores vão contribuir para a inovação na União Europeia. "Há um atraso das Pequenas e Médias Empresas (PME), não só em Portugal como em toda a Europa. A inovação na área digital está a ser puxada essencialmente pelas grandes empresas. As PME estão com dificuldades em acompanhar essa evolução. Mesmo na Alemanha", frisa.
Apenas 5% dos doutorados em Portugal integra uma PME.
A afirmação é de Maria da Graça Carvalho. A eurodeputada frisa a necessidade de o Governo ajudar a criar condições para que a mão de obra qualificada, em especial os doutorados, tenham oportunidades quer no setor público quer no setor privado.
"Na flandres (região flamenga da Bélgica) 49% dos doutorados está nas PME, em Portugal anda à volta dos 5%", elenca. "A Europa ajuda financiando a ciência, mas com tempo definido e fazendo recomendações aos Estados-Membros. Está essencialmente nas mãos dos Estados-Membros. As universidades têm de recrutar mais até porque há muitas pessoas a ir para a reforma, mas também os laboratórios do Estado, os Laboratórios Associados, a administração pública e as empresas", refere acrescentando que esta capacidade é que demonstra a riqueza de uma região.
A agora eurodeputada pelo PSD, desempenhou funções como Ministra da Ciência e do Ensino Superior do 15º Governo Constitucional e foi Ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior do 16º Governo Constitucional. Aos microfones da Universitária faz várias críticas à falta de investimento no ensino superior. "Há menos lugares em residências universitárias do que em 2004 quando saí do Governo. Algo não correu bem. O investimento nas universidades, no geral, parou", declara.
Ora, em 2004 existiam 13 mil camas em residências universitárias e, atualmente, a capacidade é que 15 mil, sendo que o Governo tem como meta ter disponíveis mais 7 mil já no próximo ano.