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Redação

Nacional 06.08.2025 13H38

Estudo revela que portugueses abandonam marcas que fingem ser sustentáveis

Escrito por Redação
As marcas mais identificados pelos inquiridos, que se enquadram no modelo de ‘greenwashing’, incluem a Volkswagen, citada por cerca de 40% da amostra, seguida pela EDP e pela Galp.

Um estudo do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), em Coimbra, revelou que a maioria dos consumidores portugueses, ao constatar que uma marca está a mentir sobre as suas práticas sustentáveis, deixa de adquirir produtos da mesma.


Ao perceberem que a empresa pratica ‘greenwashing’ - campanhas, selos ou alegações de comportamentos ambientais que não correspondem à realidade -, os portugueses deixam de comprar os produtos dessa marca e procuram alternativas mais éticas, afirmou o ISMT, num comunicado enviado à agência Lusa.


As marcas mais identificados pelos inquiridos, que se enquadram no modelo de ‘greenwashing’, incluem a Volkswagen, citada por cerca de 40% da amostra, seguida pela EDP e pela Galp.


As conclusões demonstram ainda um padrão de quebra de confiança, rejeição da marca e, muitas vezes, abandono definitivo.


“As pessoas não estão apenas desiludidas – estão a reagir com firmeza a um tipo de engano que consideram particularmente grave: o uso abusivo de causas ambientais para fins comerciais”, afirmou a professora e investigadora no ISMT, Célia Santos, que coordenou o estudo em coautoria com Arnaldo Coelho, da Universidade de Coimbra, e Alzira Marques, do Instituto Politécnico de Leiria.


Para a docente, “trata-se de uma rutura racional, em que os consumidores sentem que foram instrumentalizados e respondem afastando-se”.


Este afastamento é “intencional, informado e persistente”, muitas vezes marcando o fim da relação entre consumidor e marca.


“A perceção de incoerência entre o discurso e a prática ambiental não é perdoada”, sublinhou Célia Santos.

A investigação, que efetuou um inquérito a nível nacional, identificou dois mecanismos principais que explicam o afastamento: a “confusão verde” (dificuldade em distinguir se um produto é verdadeiramente sustentável ou apenas promovido como tal) e o surgimento de emoções negativas extremas, designadas como “ódio à marca”.

“Quando o consumidor percebe que não pode confiar na informação que lhe é dada, entra num estado de alerta. Fica mais desconfiado, sente-se frustrado e perde o sentido de controlo sobre as suas decisões de compra”, explicou.


Neste contexto, a reação é dar seguimento a um consumo ético, onde o cliente “tenta recuperar esse controlo escolhendo marcas que considera mais transparentes, mesmo que isso implique mudar de hábitos ou pagar mais”.

“As emoções negativas que se geram, como a indignação ou o desprezo, não desaparecem com uma nova campanha ou o reposicionamento da marca. Pelo contrário, muitas vezes consolidam-se como formas de rejeição duradoura”, notou a investigadora.


Lusa

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