Nacional 18.09.2025 15H25
Estudo mostra que metade dos jovens professores admite abandonar a profissão
Relatório “A Voz dos Professores: Motivações, Desafios e Barreiras ao Desenvolvimento da Carreira” envolveu investigadores da Escola de Economia, Gestão e Ciência Politica da UMinho. Um em cada cinco professores admitiu vir a abandonar a carreira nos próximos cinco anos.
Metade dos professores mais novos admite abandonar a profissão nos próximos anos. Os dados são de um estudo hoje divulgado que revela ainda que a grande maioria escolheu ser docente como primeira opção profissional e 70% repetiriam a escolha.
Estas são algumas das conclusões do estudo “A Voz dos Professores: Motivações, Desafios e Barreiras ao Desenvolvimento da Carreira”, desenvolvido por investigadores da Escola de Economia, Gestão e Ciência Politica da Universidade do Minho e da School of Business & Economics da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) e , com base em entrevistas realizadas este ano a mais de quatro mil professores e diretores escolares.
A grande maioria dos inquiridos (81%) optou pela carreira docente como primeira escolha profissional e sete em cada 10 diz que o voltaria a fazer, apontando o gosto pelo ensino, a relação com os alunos e o sentimento de missão são as principais razões para continuar na profissão.
No entanto, um em cada cinco professores admitiu vir a abandonar a carreira nos próximos cinco anos, uma percentagem que dispara para 54% entre os docentes com menos de 30 anos.
O estudo promovido pela Fundação Semapa defende a necessidade de criar condições para a retenção e valorização dos professores, até porque faltam professores nas escolas e há muitos que desejam ver chegar o dia da reforma.
Entre os docentes com pelo menos 60 anos, sete em cada 10 planeiam reformar-se assim que possível, mas os restantes 30% admitem continuar nas escolas depois da idade mínima de reforma, dizendo estar motivados, sobretudo, pelo prazer de ensinar (77%).
A falta crónica de professores nas escolas, em especial nas regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve levou o ministério da educação a desenhar um programa para atrair novos profissionais mas também para manter os que ainda dão aulas e até prolongar para além da idade da reforma.
Aos investigadores, os inquiridos também apontaram o que dizem ser preciso mudar na profissão, repetindo o que tem sido dito pela voz dos sindicatos: melhores condições de trabalho, menos carga administrativa, modernização das infraestruturas, e mais professores e técnicos que apoiem quem já está na sala de aula, até porque há cada vez mais alunos estrangeiros e com necessidades educativas especais.
Os professores defendem que é urgente apostar na saúde mental e no bem-estar, assim como no desenvolvimento de estratégias de sala de aula para lidar com a indisciplina.
Numa comparação entre ensino privado e público, os investigadores perceberam que um em cada quatro professores do privado (24%) admitiu passar a dar aulas numa escola pública em breve. A estes juntam-se outros 18% que, quando questionados sobre uma possível transferência para o ensino público, disseram estar indecisos.
Numa comparação entre mais novos e mais velhos, cerca de 60% dos professores consideram que os colegas em início de carreira chegam às escolas com pior formação pedagógica e científica e poucos sabem que existem programas formais de acolhimento.
Lusa