Cultura 04.07.2023 17H46
Escultura de homenagem a D. Diogo de Sousa benzida a 15 de julho por D. José Cordeiro
"Na pedra lembrar Diogo" é um projeto do movimento cívico Amigos do Convento, que chegará a Braga no final de setembro. A 15 de julho, a escultura será benzida pelo Arcebispo de Braga, em Esposende, concelho de onde é natural o artesão que deu vida à peça.
A pedra. A memória. A arte.
A história repete-se. O protagonista também.
Há 500 anos, D. Diogo de Sousa, arcebispo de Braga durante quase três décadas, criava a paróquia de Real. Em 1523, mandava edificar o convento de São Francisco de Real, tendo em vista lá albergar frades da Ordem de São Francisco da Congregação da Piedade, o mesmo local onde agora perdurará a sua memória.
Na Pedra. A mesma que foi esculpida pelas mãos de Mário Martins, artesão natural de Esposende. Aos 70 anos, com uma vida dedicada à arte, tem agora a missão de esculpir o brasão do arcebispo. Numa pedra granítica, gravará a cinzel as armas da fé de D. Diogo.
As mãos. É este o seu instrumento de trabalho, desde os 13 anos, idade com que fez o seu primeiro trabalho em pedra, com o perfecionismo que nenhuma maquinaria teria. Nem hoje, nem ontem, nem há cinco séculos.
O tempo. Que tem sido necessário para representar as quinas de Portugal, que aludem à ligação da família dos Sousas à Casa Real. As quadernas de meias-luas que formam cruzes, símbolos originais da família. O brasão, que está numa das paredes da Sé de Braga, e está a ser esculpido a granito.
O suporte, em aço corten, que sustentará o brasão é da autoria do arquiteto bracarense Nuno Capa, e tencionam “expressar os respetivos desenhos a vontade de destacar e enobrecer, através de linhas simples e contemporâneas, a ancestral arte de Mário Martins”. O homem natural de Marinhas, concelho de Esposende, que aceitou, de forma gratuita e voluntária, partilhar, novamente, a sua arte com aqueles que na pedra querem lembrar Diogo. Assim o fez, em 2022, quando eternizou no chão da Igreja de São Francisco a palavra ‘Continua-me”.
Escultura chega ao Museu D. Diogo de Sousa em outubro sendo descerrada oficialmente a 14 de dezembro
A pedra que persiste nas paredes do Convento, que conta com a bênção de D. Diogo de Sousa, terá em breve a escultura, benzidas pelo Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro. A bênção terá como palco a cidade de Esposende, a 15 de julho, cidade onde o brasão ficará exposto até 30 de setembro. É o reconhecimento dos Amigos do Convento, que impulsionam o projeto, pela arte daqueles que trabalham a arte. Sobretudo a pedra.
Em outubro, a escultura segue para o Museu D. Diogo de Sousa, em Braga, mas o desejo é que o destino final seja o Convento. Está previsto para 14 de dezembro o descerramento do brasão,em Braga. A data não foi escolhida ao acaso, uma vez que foi a 14 de dezembro que D. Diogo criou a Paróquia de Real, há 500 anos.
E continuar é o verbo que os Amigos do Convento pretendem conjugar. Continuar o legado, a cultura, a fé e a memória... daquele que muitos dizem ter refundado a cidade de Braga. O momento encerra as comemorações dos 500 anos desde a fundação da paróquia de Real...e onde na pedra se lembrará Diogo.
D. Diogo de Sousa, que nasceu em 1461 e faleceu em1532, dotou Braga, influenciado por viagens a Roma e Florença, de igrejas, capelas e conventos.
Os Amigos do Convento surgiram em 2021 com o objetivo de ajudar na salvaguarda, valorização, dinamização, divulgação e promoção do conjunto monástico bracarense formado pela Igreja de São Francisco, Mausoléu de São Frutuoso e Convento de São Francisco de Real. O ano passado juntaram cinco mil mecenas que ajudassem a comprar um quadro de São Francisco de Assis, pintada por um português em Londres, que ajudasse a criar memórias na Paróquia de Real.
O projeto cívico, de cariz cultural, encetado por um grupo de cidadãos, procura criar e desenvolver uma nova centralidade cultural no concelho de Braga e, sobretudo, homenagear D.Diogo de Sousa.