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Fotografia: UNICEF
Redação

Academia 16.07.2025 16H15

UMinho. Escola de Ciências na vanguarda de vacina experimental contra candidíase invasiva

Escrito por Redação
A vacina, que esteve em desenvolvimento durante 10 anos, foi testada recentemente em animais. Com a validação pré-clínica terminada, os investigadores esperam avançar rapidamente para os ensaios clínicos em humanos.
Declarações da investigadora Paula Sampaio:

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A Universidade do Minho (UMinho) foi, novamente, berço de mais uma inovação científica. Desta vez, a investigadora Paula Sampaio e uma equipa de cientistas da Escola de Ciência da Universidade do Minho (ECUM) desenvolveram uma vacina experimental contra a candidíase invasiva, uma infeção fúngica que pode ser fatal para doentes imunocomprometidos.


Dez anos depois do surgimento do projeto, surgem agora os primeiros resultados. De acordo com a investigadora principal, Paula Sampaio, foi criada uma nanopartícula de gordura, um lipossoma, “muito parecido com a vacina da Pfizer”, que transporta e apresenta duas proteínas do fungo Candida albicans ao sistema imunitário.

Grande parte do processo foi dedicado à “otimização” da fórmula que a investigadora diz “ter muitas etapas” antes dos ensaios pré-clínicos. Depois de construída a fórmula, iniciou-se o teste “em células animais” e só depois de “garantir que a fórmula não é tóxica” é que pôde ser inoculada nos animais.


A candidíase invasiva afeta 1.5 milhões de doentes por ano, sendo que cerca de um milhão (63%) acaba por morrer.

Nos ensaios pré-clínicos, os animais vacinados registaram menos sintomas, maior taxa de sobrevivência e melhoria do estado geral do organismo após infeção.

“Estas infeções são difíceis de diagnosticar atempadamente e de tratar, devido à toxicidade e resistência aos antifúngicos, mas a nossa vacina experimental conseguiu estimular o sistema imunitário a reconhecer e combater o fungo; acreditamos por isso que pode vir a reduzir a mortalidade, os internamentos prolongados e os custos associados, podendo ser um avanço importante na proteção de doentes em risco”, revela Paula Sampaio.


As infeções por Candida mais frequentes surgem nos genitais, dobras da pele, unhas, boca e sistema digestivo. No entanto, em pacientes com imunidade baixa, este fungo pode entrar na corrente sanguínea, infetando órgãos internos e provocando candidíase invasiva. Ao contrário das infeções por vírus ou bactérias, as infeções por fungos não são muito conhecidas do público em geral, mas a taxa de mortalidade associada é de 63%.


De acordo com a investigadora, estas infeções ocorrem normalmente em indivíduos imunocomprometidos, ou seja, indivíduos que já apresentam um estado de saúde muito debilitado, mas fatores ambientais, como as alterações climáticas e a poluição, estão a aumentar a potência de “algumas espécies fúngicas que vivem no ambiente”, situação que pode colocar em risco indivíduos saudáveis.


À gravidade desta situação soma-se, também, a fraca divulgação. Para Paula Sampaio, a recente chamada de atenção da Organização Mundial de Saúde (OMS) para estes casos de infeção fúngica é um passo em frente, mas a resposta, quer da comunidade científica, quer da comunidade em geral, é ainda lenta. “Existem cerca de 15 classes de antibióticos diferentes e só existem quatro classes de antifúngicos que podem ser administrados nestas infeções sistémicas”, acrescenta.


Com a validação pré-clínica terminada, Paula Sampaio espera avançar rapidamente para os ensaios clínicos em humanos. Para a criação de uma possível "primeira vacina contra fungos, em pleno século XXI" é necessário cumprir "regras muito restritas" e ultrapassar os custos avultados, o que exige, nas palavras da investigadora, os "parceiros mais indicados".


Escrito por José Silva Brás e editado por Elsa Moura

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