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Liliana Oliveira

Cultura 23.04.2025 21H28

Entre os mais de 60 mil livros da biblioteca privada, Soares escolheria um do "divino Eça"

Escrito por Liliana Oliveira
No Dia Mundial do Livro, e a propósito do centenário do nascimento de Mário Soares, a Casa do Conhecimento da Universidade do Minho promoveu uma conversa sobre os livros da vida do antigo Presidente da República.
Declarações de Isabel Soares, Maria João Avillez, José Gabriel Andrade e Pedro Marques Gomes

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Se Mário Soares fosse um livro… seria certamente um escrito pelo "divino Eça de Queiroz".

Leitor compulsivo, que sabia passagens de cor, e que o pai, João Lopes Soares, achou que devia ser escritor, acabou por seguir uma carreira política, foi primeiro-ministro e Presidente da República.

A filha, Isabel Soares, diz que os livros “eram da família”, nos quais tirava apontamentos. Por ser “um apaixonado por livros” passou esse gosto aos filhos, Isabel e João Soares.


No Dia Mundial do Livro, e a propósito do centenário do nascimento de Mário Soares, a Casa do Conhecimento da Universidade do Minho recebeu aqueles que privaram com o político para uma sessão sobre os livros da sua vida.

“Quando éramos miúdos, todos os nossos amigos tinham uma mesada, nós não tínhamos mesada, tínhamos uma conta nas livrarias”, confidenciou Isabel Soares, que preside à Fundação Mário Soares e Maria Barroso.

A biblioteca privada de Soares conta com mais de 60 mil livros e, recentemente, deu origem a uma exposição em Serralves. Além de primeiras edições de Eça, Camilo ou Pessoa, o espólio conta com correspondência trocada com Saramago ou Agustina Bessa-Luís. Soares considerava a Cultura “o sol da Democracia” e Isabel pretende passar o legado de Soares e da esposa Maria Barroso “às novas gerações”, o legado “de uma vida de luta pela liberdade e pela democracia, antes e depois do 25 de Abril”.



Com Soares ”Belém foi uma sede política, mas também cultural”


Escreveu e viu publicados livros sobre si e o seu percurso político, três deles assinados pela jornalista Maria João Avillez. “Foi um grande combatente da liberdade, foi um grande político, foi uma pessoa que deixou impressa o seu nome na história do país”, recordou a autora. Otimismo e persistência foram características que Maria João Avillez sempre associou ao antigo chefe de Estado. “Ele sabia que em Democracia e em política se perde e se ganha, e partia com a mesma disposição. Queria ganhar, mas estava à altura do seu desgosto ou da sua desilusão com a derrota”, acrescentou, lamentando que este espírito se tenha perdido no tempo. Maria João Avillez considera que Soares “foi um Presidente da República que cuidou muito da Cultura”, que era, diz, “indissociável dele”.”Belém foi uma sede política, mas também cultural”, acrescentou. “Não sei se teria sido o mesmo homem, sem as grandes leituras que fez”, frisou.


Escrever sobre Soares, confessa a autora, foi um desafio, ainda que, recorda, ele tivesse percebido que “talvez fosse até mais interessante fazer com uma jornalista de centro-direita do que com uma de esquerda, mais perto ideologicamente dele”.

“Tivemos grandes discussões homéricas, algumas, que estão aliás no livro. Foi uma enorme honra para mim, um enorme privilégio”, confessou a jornalista.



Professora da UMinho participa em Congresso Internacional dedicado a Soares que se realiza em outubro em Coimbra 


A UMinho é uma das oito universidades nacionais envolvidas nas comemorações do Centenário do Nascimento de Mário Soares. A este propósito, e aproveitando o Dia Mundial do Livro, assinalado esta quarta-feira, a Casa do Conhecimento da UMinho escolheu uma das grandes paixões de Soares, os livros, para o recordar.

José Gabriel Andrade, diretor desta estrutura, enalteceu “a oportunidade de dialogar com personagens da comunicação e da história que tiveram com o Mário Soares”, promovendo um momento de “reflexão, a partir dos livros que foram escolhidos”. Além disso, o objetivo é “abrir a Universidade a toda a comunidade, para uma maior partilha sobre uma pessoa importante da nossa história recente”.


Pedro Marques Gomes, investigador da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, reconheceu a importância de eventos como este para “a preservação da memória de uma figura fundamental da nossa Democracia”.

Do programa comemorativo do centenário do nascimento de Mário Soares consta um congresso internacional que terá lugar em Coimbra, nos dias 9 e 10 de outubro, sendo a professora da UMinho, Alexandra Esteves, da comissão organizadora. 

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