As eleições para o Conselho Geral da Universidade do Minho, a realizar em Março deste ano, terão pelo menos duas listas candidatas. Um grupo de docentes e investigadores da instituição “insatisfeito com a atual equipa”, está a trabalhar para apresentar um projeto “alternativo” para a gestão dos destinos da instituição nos próximos anos.

Tiago Miranda, professor auxiliar do Departamento de Engenharia Civil afirma, aos microfones da RUM, que é preciso “sangue novo” e que vai apresentar uma lista “agregadora e transversal”, com pessoas “dinâmicas e experientes” que “não se identificam com a atual gestão”.

O docente afirma que “não há debate interno na Universidade sobre os problemas que a mesma atravessa”, e diz que "não é promovida uma reflexão sobre esses problemas e também sobre a visão que temos de ter para a universidade no médio e longo prazo”. Por essa razão tem promovido, nas últimas semanas, iniciativas de auscultação da academia para levantamento de problemas, propostas e soluções.

Aos microfones da Universitária, o docente identifica a situação de pré-rutura financeira da UMinho como um dos problemas em destaque, além do envelhecimento do corpo docente, considerando que a instituição de ensino superior minhota não está a saber responder. 

Parte dos docentes que se identificam com este projeto alternativo considera que existe uma “hiberburocratização interna de processos que afoga a classe em burocracias e em tarefas de gestão que os impedem de se dedicarem àquilo que é essencial: as tarefas de ensino, investigação e de relação com a sociedade”. 

Tiago Miranda denuncia ainda a perda de competitividade internacional, sublinhando que a UMinho está a cair nalguns rankins. “Há um conjunto muito grande de problemas, infelizmente. Internamente temos problemas com funcionários, temos os problemas do PREVPAP e os funcionários há muito tempo que tentam constituir uma comissão de trabalhadores que ainda não está formalizada também por problemas levantados pela reitoria”, revela.

"Seria trágico que nestas eleições houvesse apenas uma lista concorrente"

O docente garante que a lista que está a construir vai apresentar um projeto “diferente” que permitirá que a Academia tenha uma opção e que “possa escolher entre uma solução de continuidade ou uma alternativa de algo bastante diferente daquilo que vem desta equipa reitoral”. 

“Fundamentalmente, a lista pretende trazer à academia a discussão. Não tem havido debate nem propostas alternativas. Seria trágico que nestas eleições houvesse apenas uma lista concorrente, seria muito mau sinal. Portanto, acho que é positivo em vários sentidos”, defendeu.

As últimas equipas reitorais representam sempre projetos de continuidade. Aquele docente sublinha que “nenhum dos grandes problemas foi resolvido nos últimos anos”, daí que exista “uma descrença generalizada das pessoas” com quem tem contactado. Por isso, argumenta que “é preciso sangue novo, pessoas com outro tipo de mentalidade, outro tipo de energia e de ideias e capaz de implementar mudanças significativas, quase um refundar da universidade”, explica.

“Pretendemos uma lista agregadora e transversal que consiga integrar um conjunto alargado de pessoas de diferentes unidades orgânicas com uma visão plural da universidade", conclui. 

O processo de entrega de candidaturas decorre de 10 a 12 de Fevereiro. Recorde-se que Rui Vieira de Castro confirmou em primeira mão na RUM que pretende recandidatar-se a um segundo mandato como reitor.