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Redação

Regional 21.09.2024 18H18

Edgar Silva do PCP apresentou livro em Braga

Escrito por Redação
Apresentação de “Vendaval de Utopias. Os Católicos da Revolução e o PCP” contou com a presença de Manuel Pinto, professor e investigador da Universidade do Minho, e Raquel Gallego, da DOR Braga do PCP.

O livro “Vendaval de Utopias. Os Católicos da Revolução e o PCP”, de Edgar Silva, foi apresentado, esta sexta-feira, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga. Além do autor, marcaram presença na sessão Manuel Pinto, professor e investigador, membro do Conselho de Ética da Universidade do Minho, e Raquel Gallego, da DOR Braga do PCP.


O livro aborda o percurso da vanguarda católica na fase final da crise geral do fascismo, de 1965 ao 25 de Abril e à Constituição de 1976. Para Manuel Pinto, o livro constituiu uma grande surpresa, quer pela quantidade e profundidade de conteúdos, mas também por novos conceitos que desenvolve, com a ideia de “Católicos da Revolução”. Manuel Pinto afirmou que sendo alguém que apurou a sua consciência social e política no activismo católico, foi com naturalidade que se identificou com muitas das experiências de luta referidas no livro.


Na sua opinião, a orientação de trabalho que o PCP avançou na década de 40 do século passado designada por “dar a mão aos católicos”, numa perspetiva de construção da unidade do povo e dos trabalhadores para resistir à ditadura fascista, foi um factor de avanço muito importante para abrir caminhos de convergência de pessoas que desejavam uma ruptura e que participavam em vários movimentos e áreas.

Lembra-se que no quadro das decisões do 7º Congresso da Internacional Comunista (de 1935) e das suas orientações para travar o caminho ao fascismo, o PCP formulou as teses da inter-acção de comunistas e católicos e da relação com a Igreja num texto de Álvaro Cunhal, aprovado em 1943 no III Congresso, sobre “a unidade da nação portuguesa na luta pelo pão, a liberdade e a independência”, que integrava a tese da “mão estendida aos católicos”.


Decidiu-se então que um crente pode ser membro do PCP e concluiu-se: “lutamos contra o sectarismo de muitos militantes e antifascistas. Houve erros de intolerância em 1910 que não devem repetir-se. Conquistaremos para a causa da democracia a massa dos católicos, na medida em que saibamos respeitar as suas crenças e ser os melhores defensores da liberdade de consciência”.

Mais tarde foi reafirmado por Álvaro Cunhal que “o PCP respeita rigorosamente as crenças religiosas, opondo-se a qualquer ofensa aos sentimentos religiosos. Os interesses e aspirações dos portugueses identificam-se e contradizem-se pelas classes a que pertencem e não pela religião que professam, na inteligência e no coração do povo podem coincidir a crença religiosa e a luta pela liberdade e a democracia, os ideais do socialismo, a solidariedade e a fraternidade humanas”.


O Edgar Silva explicou a motivação que o levou à elaboração da tese, e depois do livro, que não pretende ser nem a história da Igreja, nem a história da PCP, mas um ensaio sobre a intervenção da parte mais comprometida com o PCP do grupo amplo e heterogéneo de católicos da revolução. O seu livro contou com um intenso trabalho de campo, com dezenas de entrevistas com protagonistas da acção católica progressista.

O autor do livro realçou a ousadia da orientação do PCP de trabalho em unidade com os católicos, que foi parte integrante de uma cultura de abertura e diálogo que caracteriza a intervenção dos comunistas.

Raquel Gallego referiu que iniciativa inseriu-se na 2ª Edição do Roteiro do Livro Insubmisso promovido pela Direcção da Organização Regional de Braga do PCP, que vai percorrer a região na divulgação de livros comprometidos com os valores de Abril.


Licenciado em Teologia, mestre em Teologia Sistemática e em História das religiões, Edgar Silva é bolseiro de doutoramento na Fundação Ciência e Tecnologia, com uma tese sobre catolicismo social e compromisso político e bolseiro do Instituto Camões, em Roma, doutorado, em 2023, em História, com especialização em História Contemporânea, com a tese “Vendaval de Utopias, os católicos da Revolução e o PCP”. Atualmente é bolseiro pós-doutorado na Universidade Católica.


Edgar Silva é responsável da Organização do PCP na Madeira, membro do Comité Central, foi deputado na Assembleia Legislativa regional e foi candidato a Presidente da República, em 2016.

A iniciativa seguinte terá lugar em Fafe sobre do livro livro "Os Lusíadas – Antologia Temática e Texto Crítico" de António Borges Coelho e da revista Vértice.

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