No 1.º piso do Lar Conde de Agrolongo, em Braga, o dia é de visitas. O projeto “Eco-Gerações: Oficinas de Sustentabilidade com público da 3.ª idade”, promovido pela Câmara Municipal, conta com a ajuda de jovens voluntários para sensibilizar as gerações mais velhas para os problemas ambientais.

Durante a oficina, os participantes construíram luminárias a partir de frascos reutilizados, decorando-os. Esta actividade prática permitiu transformar materiais simples em objetos funcionais e decorativos, incentivando a criatividade e a valorização de resíduos que poderiam ser descartados.

A oficina integra o programa municipal de sensibilização ambiental, que visa promover hábitos ecológicos no dia a dia, estimular a participação cívica e fortalecer os laços comunitários.

Só esta quinta-feira, participaram na atividade cerca de 20 idosos, mas o Eco-Gerações já chegou a perto de 200. O banco de voluntários destinados a atividades de verão conta com aproximadamente 150 jovens inscritos. Destes, 15 estão dedicados exclusivamente ao Eco-Gerações. É o caso de Eduarda Silva. Tem 25 anos, é de Braga e decidiu, pela primeira vez, inscrever-se.

“Fui pesquisando voluntariado que podia fazer, motivada pela minha vontade de ajudar”, disse a jovem, que, neste momento, concilia estes momentos com um trabalho. Eduarda diz ser importante “existir uma aproximação” aos utentes, perceber as suas histórias de vida e depois iniciar as atividades. “Está a ser uma experiência incrível e quero até ir mais além”, afirmou.

Tia Bina aprendeu a escrever aos 85 anos e aproveitou a iniciativa para treinar a caligrafia

Uma das utentes com quem esta voluntária conversou foi Albina Gomes ou, como é carinhosamente apelidada, “Tia Bina”. Entusiasmada com a pintura, decidiu ilustrar o seu porta-velas com a rede de um galinheiro e a pata de uma galinha. A letra tremida lia-se, no frasco, a palavra ‘Jesus’. Esta é uma das palavras que Tia Bina aprendeu recentemente a escrever. Nunca frequentou a escola, mas, agora, com 85 anos, foi desafiada por profissionais desta instituição, onde está há um ano, a passar pela sala de aula. 

As primeiras lições já lhe permitiram aprender a escrever “Jesus”, “Cristo” e “Albina”. “Fui à escola a primeira vez, quando foi o 25 de Abril, que tive de votar, mas depois nunca mais lá entrei”, disse aos jornalistas. Sem tempo para estar parada, a Tia Bina é uma participante ativa em todas as atividades do lar. “Hoje, estou a fazer uma coisa que nunca fiz, mas, antes, já estive a fazer um bocado de deveres que a professora me marcou no caderno que tenho ali no andarilho”, revelou. Os trabalhos de casa eram mais direcionados para os números. “Quero saber os números, porque tenho aqui um aparelho para medir os diabetes, e as enfermeiras mostram-me, mas eu não sei”, acrescentou.

Laurinda Pereira tem 87 anos e admite que estas iniciativas “ajudam a passar o tempo”. 

Serve para nos entretermos e ajudam a conviver

 Já Rosa Ribeira, com 85 anos, era a mais dinâmica. Pintou quatro frascos e garante que nunca diz que não a estas iniciativas. “É divertido”, confessou.

O projeto Eco-Gerações tem percorrido várias instituições do concelho. Neste caso, o objetivo é que os mais jovens possam partilhar com os mais velhos as lições sobre Ambiente.

Altino Bessa, que tutela esta área no município, participou na iniciativa, no Lar Conde de Agrolongo. “Fizemos já vários ateliês sobre plantas, reciclagem de tecidos e este tem a ver com a reciclagem destes frascos. A ideia é o projeto continuar. A sustentabilidade, a reciclagem, a reutilização, as preocupações ambientais estão sempre patentes e esta é a mensagem que nós também queremos deixar”, revelou. 

O Eco-Gerações é apenas um dos muitos projetos desenvolvidos pela autarquia, mas há também a Biblioteca de Verão, Verão Animal, Férias da Quinta, Piscinas em Forma e Verão com a Pequenada. Apesar de, neste caso, as inscrições estarem encerradas, na época de Natal vão voltar a abrir. 

A estrutura municipal de voluntariado conta com mais de 300 jovens. Pode saber mais aqui.