Academia 25.05.2023 21H00
Descobertas mais de 50 novas espécies endémicas nas ilhas Atlânticas
Trabalho resulta do projeto “BIOSCAN” que, até 2026, pretende catalogar 2,5 milhões de espécies e ter 2 mil estações de biomonitorização por meio de DNA metabarcoding.
Foram descobertas mais de 50 novas espécies endémicas nas Ilhas Atlânticas dos Açores, Canárias e Madeira. A descoberta deve-se ao projeto “BIOSCAN” que, até 2026, pretende catalogar 2,5 milhões de espécies e ter 2 mil estações de biomonitorização por meio de DNA metabarcoding.
A RUM conversou com o investigador do CBMA - Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Escola de Ciências da Universidade do Minho, Filipe Costa, que trabalha há 20 anos a área do DNA Barcoding, para perceber, no âmbito do programa de ciência UMinho I&D, que novo sistema é este.
"Este é um conceito que foi introduzido em 2003 pelo investigador canadiano Paul Hebert e que propõe a utilização de pequenos segmentos do DNA de cada organismo, de uma zona específica, pré-estabelecida, para analise e que a partir da mesma é possível identificar todas as espécies do planeta", explica.
Este sistema permite a identificação, de forma mais precisa e rápida, de várias espécies. Filipe Costa revela que foram encontradas 50 novas espécies, nas Ilhas Atlânticas dos Açores, Canárias e Madeira, que tudo aponta serão únicas no mundo.
Os investigadores estão neste momento focados na costa africana, mais concretamente, em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, que tudo indica será um novo ponto rico em biodiversidade.
O investigador está também envolvido no projeto “INNOVAMAR”, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliências e que envolve mais de 80 instituições. Um dos trabalhos em que o CBMA está envolvido, está relacionado com a monitorização de ecossistemas de explorações de aquacultura.
"São explorações de aquacultura em que não é apenas peixe, mas também outros níveis tróficos que estão a ser utilizados como macro-algas marinhas e o que se pretende é verificar se esses sistemas são mais benéficos, em termos de impactos ambientais, do que as aquaculturas tradicionais, nomeadamente, porque as algas têm a capacidade de ter algum tipo de biorremediação da qualidade ecológica do ecossistema. Nós o que vamos fazer é monitorizar as comunidades marinhas nessas zonas para verificarmos se estão mais saudáveis nessas condições", refere.