Braga está em 2025 a preparar-se para uma mudança de ciclo político e vai conhecer o terceiro presidente de câmara da sua história em democracia. Depois de uma governação de 37 anos do socialista Mesquita Machado, seguiram-se doze anos de Ricardo Rio, militante do PSD, da coligação Juntos por Braga, que por força da limitação de mandatos, já não poderá concorrer. João Rodrigues, membro do atual executivo e que assume funções de vereador há oito anos, apresenta-se a votos na tentativa de dar continuidade a uma governação à direita em Braga. Arroga-se como o candidato mais preparado para continuar a governar a terceira maior cidade do país face aos restantes candidatos já anunciados. Internamente o seu nome não foi, inicialmente, consensual, e o atual presidente não se inibiu, em várias ocasiões, e publicamente, de referir que não seria este o nome que pretendia ver a suceder-lhe. Mencionou Rui Morais e Olga Pereira como preferências, mas depois das decisões tomadas na concelhia, distrital e nacional do PSD vai ter de apoiar João Rodrigues e já esteve na primeira fila, no Theatro Circo, para o lançamento oficial da candidatura do antigo presidente da JSD de Braga, no passado domingo.

Ultrapassadas as tricas internas, João Rodrigues apresentou-se a Braga com doze propostas iniciais que pretende inscrever no caderno de encargos para convencer o eleitorado. Entre as que saltam à vista está a proposta de uma nova circular urbana externa, que já foi defendida por outras forças partidárias, o acesso gratuito aos Transportes Urbanos de Braga (TUB) para residentes [que o PS propôs em 2021] ou uma dotação mínima anual de 10ME para um plano permanente de manutenção de vias e passeios, além da plantação de 100 mil árvores nos próximos quatro anos, em espaços públicos, ruas, escolas e até parques industriais. 

O traçado sugerido para a Circular Urbana Externa

Na ótica do candidato da coligação Juntos por Braga, é necessário proceder à abertura do antigo nó da entrada na A3 em Celeirós. Além disso, explica o que se pretende: "Aquilo que nós propomos é que, nos próximos quatro anos se conclua a ligação entre o Nova Arcada e o Eleclerc, o que permite que toda a gente que vem de norte, e queira ir para o Porto, mesmo que queira  ir para a zona sul da cidade, não tenha que vir ao Nó de Infias", explica. Enquanto a segunda ligação do traçado externo, que assume como "absolutamente prioritária" é a ligação do Nova Arcada em direção a este, à última rotunda da variante do Fojo. Uma via rápida que passe pelos parques industriais de Adaúfe, de Pitancinhos, que atravesse Crespos, Pousada, e que vá até São Mamede D'Este", descreve. O investimento não poderá ser apenas municipal, o candidato garante que se trata de uma empreitada em que o estado central deve ser chamado à responsabilidade.

Já a localização da estação de Alta Velocidade (Semelhe) será várias vantagens, entre elas, na  ótica de João Rodrigues, as "ramificações" que terão de surgir "à volta da estação", notando que a Variante do Cávado será "também essencial" para se chegar à estação [mais uma razão para voltar a exigir mais do Estado central].

Sobre o BRT, assume que "uma linha só não vai resolver o problema", existindo o compromisso para trabalhar sobre este elemento, no futuro.

No pacote de primeiras propostas reveladas na sessão de apresentação no domingo, o candidato da coligação aponta a um plano anual de 10ME tornando-se uma ferramenta permanente de manutenção de vias e passeios. Neste aspeto, o atual vereador da coligação assume que entre 2010 e 2017 "houve muito pouco investimento na rede viária financeira", justificando a situação com "constrangimentos municipais" do passado. Depois isso, considera que nos últimos seis anos esse investimento aconteceu, mas o crescimento da cidade e o aumento do tráfego automóvel contribuiu para o desgaste. Por isso, propõe a criação de uma "equipa permanente para dar resposta a este problema", incluindo o que se verifica nos passeios. 

Além disso, admite, esta é uma medida "preventiva" não só para diminuir os gastos, mas para preservar o que existe. 

"Quero dar muita importância à forma como o espaço público é vivido", admite, acrescentando que a plantação de 100 mil árvores em quatro anos também pressupõe uma atenção devida aos recintos públicos. "Vamos plantar nas escolas, nas zonas pedonais, nas zonas habitacionais e até industriais, espaços verdes que não têm árvores nem sombras", anota.

O transporte público gratuito para os residentes de Braga, acrescenta, "não é uma medida assistencialista", mas "a melhor forma para que as pessoas passem para os autocarros". Diz que se trata de seguir uma medida bem sucedida noutras cidades e os 5ME necessários não serão um problema.  No entanto, admite que as exigências em mais investimentos junto do estado central incluirá a empresa de Transportes Urbanos de Braga.

Candidato da coligação propõe ao SCB que compre o estádio municipal pelo valor que vai custar a requalificação do 1º de Maio e da envolvente

Quanto ao Estádio Municipal de Braga, que Ricardo Rio não conseguiu vender ao SCB, apesar de ser a solução que defende, João Rodrigues aproxima-se do que defende o atual presidente. Se for eleito defende a sua venda ao SCB, mas para isso admite que só será possível se o SCB aceitar comprar o equipamento pelo valor que vai custar a requalificação do Estádio 1º de Maio. Na opinião do candidato de 37 anos, que diz que não se deve misturar futebol com política, esta será uma exceção. "Tenho uma solução muito simples que é altamente percetível para toda a gente e que é a mais ponderada. Estou absolutamente disponível para negociar a venda do estádio municipal ao SCB pelo valor necessário para reabilitar o Estádio 1º de Maio e a sua envolvente. Acho que é justo, é adequado, proporcional, é necessário e acho que todas as partes ficam bem se conseguirmos alcançar este acordo", argumenta.

Ler também as motivações de João Rodrigues para ser candidato à CMB e a primeira reação pública de João Rodrigues ao caso Spinumviva. 

OUVIR ENTREVISTA COMPLETA AO CAMPUS VERBAL

Na próxima semana a RUM prossegue com as entrevistas aos candidatos à CMB nas autárquicas de 12 de outubro. A ordem das entrevistas corresponderá à ordem de anúncio público dos candidatos, definiu a RUM.