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ABIC
Vanessa Batista

Academia 08.11.2024 07H00

Corte de financiamento da FCT é para a ABIC um "sinal político" negativo para a ciência

Escrito por Vanessa Batista
A presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica, Sofia Lisboa, considera o orçamento de 2025 para a ciência "pouco explícito".
Sofia Lisboa, presidente da ABIC, à RUM.

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Para a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), o orçamento para a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) é “inaceitável”. Em causa está o corte de 68 milhões de euros em 2025 que, de acordo com o Ministro da Educação, é justificado pela diminuição da parcela de fundos europeus (que totaliza 114 milhões de euros, menos 29 milhões face ao ano anterior).


O documento realça o contributo do aumento das receitas de impostos para o orçamento inicial da FCT de 2025, que totalizam 486 milhões de euros (mais 26 milhões comparativamente a 2024).


A ABIC prontamente endereçou um comunicado às redações em que aponta a um "retrocesso para o progresso científico e tecnológico em Portugal". Contactada pela RUM, a presidente Sofia Lisboa defende, olhando para anos anteriores, que "não pode haver orçamento que não é executado quando os valores das bolsas são baixos", e acrescenta que "não há estímulo nenhum à contratação", o que leva a "dificuldades no próprio funcionamento da FCT".


Ora, tendo em conta que as verbas continuam a ser necessárias, a representante da ABIC considera "absolutamente inaceitável" a posição tomada pelo Governo neste primeiro orçamento.


Para Sofia Lisboa este é um "sinal político" negativo que poderá significar um retrocesso no sentido de criar os tão aguardados contratos de trabalho estáveis para os investigadores. Questionada sobre uma possível redução do número de bolsas, a responsável diz desconhecer se esse será o caminho. Contudo, na análise que faz do documento dificilmente, num futuro próximo, haverá a intenção de "acabar com as bolsas, por exemplo, de doutoramento e fazer corresponder a investigação a um contrato de trabalho".


Em relação ao aumento dos programas de estímulo na contratação de doutorados por empresas, a ABIC não vê com bons olhos esta transferência de financiamento público para entidades privadas. Além disso, dão nota de um desequilíbrio em termos de áreas de aposta, nomeadamente humanidades e ciências sociais.


A ABIC aponta à necessidade de os governantes desenharem uma "estratégia de desenvolvimento do país", de modo a ser mais clara a aposta em determinadas áreas em detrimento de outras.


Outra das críticas ao primeiro orçamento de Fernando Alexandre, prende-se com o facto de este ser "pouco explícito", a título de exemplo, sobre o investimento previsto em todas as entidades da administração pública como as CCDRs.


"Queremos poder ter acesso a esse tipo de parâmetros como tínhamos nos anos anteriores", declara.

A ABIC vai continuar a desenvolver ações próprias de luta, no sentido de alertar o executivo central para os problemas dos investigadores, nomeadamente, o pagamento de uma taxa de entrega da tese de doutoramento que pode ultrapassar os 700 euros.

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